quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

MÉDICA DE CURITIBA PRATICAVA EUTANÁSIA

Henry Milléo/Gazeta do Povo/Futura Press
Virginia Helena Soares de Souza, médica chefe da UTI 
do hospital Evangélico, é presa nesta terça-feira
A médica Virgínia Soares, que coordenava a UTI do Hospital Evangélico, em Curitiba (PR), foi indiciada, na quarta-feira (20), por homicídio qualificado. Ela é suspeita de comandar um esquema de eutanásia na UTI do hospital , onde foi detida, na terça-feira (19), por policiais do Núcleo de Repressão de Crimes Contra a Saúde (Nucrisa).

A polícia investigava Virgínia havia um ano, mas admite que vai analisar as mortes na unidade dos últimos sete anos. A médica atua no hospital desde 1988 e chefia a UTI desde 2006. A delegada Paula Brisola afirmou que a médica provavelmente não agiu sozinha. "Outros funcionários também estão sendo ouvidos e sob investigação", disse.

A denúncia que culminou com a prisão de Virgínia teve início no ano passado, conforme a queixa de uma pessoa que conhecia o trâmite na UTI. "A pessoa entrou em contato com a Ouvidoria, que nos repassou a denúncia e iniciamos a investigação."

Uma profissional que atuava com Virgínia na UTI, e preferiu não se identificar, disse que era hábito da médica tratar com desdém alguns pacientes. "Quase todo dia havia uma parada cardíaca e ela gritava ‘Spp’ (sigla utilizada em UTIs que significa "se parar, parou!"), então, as enfermeiras saíam fora e deixavam o paciente. Isso quando era SUS; se era particular ou convênio aí tentavam salvar", disse.

Embora a investigação ocorra sob sigilo, a RPC TV, afiliada da Rede Globo, divulgou trechos do depoimento da médica à polícia. Nele, Virgínia afirma que foi mal interpretada por falas como "Quero desentulhar a UTI que está me dando coceira", ditas numa gravação cuja origem não foi informada pela polícia. Já um enfermeiro que trabalhou com Virgínia entre 2004 e 2006 disse que viu a médica desligar aparelhos.

O advogado da médica, Elias Mattar Assad, criticou a condução da investigação. "Pelo que está se delineando, agora, de homicídio qualificado, não vai se ter um defunto ou um laudo por outra causa de morte que não seja a que não está no laudo. Não há como provar outra coisa." 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

MINISTÉRIO PÚBLICO QUER FECHAR USINA DE XISTO DA PETROBRÁS

Perito identificou forte presença de mercúrio ao longo do leito do rio. Medições feitas com filtros e em cascas de árvores indicaram a presença de ferro, enxofre e silício.

Usina de xisto, em São Mateus do Sul, na mira do MP
O Ministério Público do Estado do Paraná (MP-PR)entrou com ação civil pública pedindo, em liminar, a interdição da unidade de industrialização de xisto da Petrobras no município de São Mateus do Sul por danos ambientais e à saúde da população.

A promotora Fernanda Basso Silvério solicitou ainda uma indenização por dano moral e multa diária, ainda a ser definida, em caso de descumprimento. 

As acusações se apoiam em relatório produzido por um perito da Universidade de São Paulo (USP). De acordo com a ação, obtida pelo Estado, foi detectada presença de mercúrio, um metal pesado, ao longo do leito de um rio em quantidade acima do permitido pela legislação.

A fábrica fica no topo de uma colina e a cidade de São Mateus do Sul está na encosta da colina seguinte. Segundo o relatório, isso faz com que os habitantes fiquem inteiramente expostos às emanações gasosas e de material particulados da unidade. 

Medições feitas com filtros e em cascas de árvores teriam indicado a presença de ferro, enxofre e silício. Nos locais de maior concentração de partículas, há um número maior de casos de problemas respiratórios na população, concluíram os estudos da USP. 

Procurada, a Petrobras informou, em nota, que não foi citada na ação civil pública. 

A Unidade de Negócio de Industrialização do Xisto (SIX) existe desde 1954. Em 1972, foi construída a primeira usina de processamento no Paraná e, em 1991, a tecnologia foi consolidada com a entrada em operação de um novo módulo industrial. 

O xisto extraído no Sul passa por um processo industrial criado pela estatal para gerar petróleo. A formação tem alguma relação com o gás não convencional produzido nos Estados Unidos, mas os processos são diferentes. Ao contrário da estrutura que gera o chamado "shale gas", as reservas de xisto do Paraná estão mais perto da superfície e, por isso, já liberaram todo o gás, porém retêm óleo. 

No entanto, a menor profundidade permite que a Petrobrás extraia a rocha por mineração. O material é então quebrado em pedaços e exposto a altas temperaturas para produzir óleo. No caso americano, são feitas perfurações profundas para sair o gás. 

Alternativa 

Diante de duas crises do petróleo nos anos 70, a estatal desenvolveu essa tecnologia para garantir que o País tivesse acesso ao insumo numa época em que ainda não haviam sido identificadas grandes reservas em território nacional. Com as descobertas de óleo pela empresa, a unidade do Paraná perdeu relevância. "Foi algo muito importante porque, na época, era uma alternativa extremamente válida e nunca se sabe o que é o dia de amanhã", diz o consultor da Gas Energy Manuel Quintela. 

A Petrobras diz que esse tipo de extração de xisto serve ainda para reciclagem de pneus, que são misturados à carga de xisto a ser processada, em volume de até 5% do total. Mais de 1 milhão de pneus são reaproveitados por ano pela companhia. 

Tanto a técnica desenvolvida pela Petrobrás quando a do "shale gas", que transformou os EUA em poucos anos de importador a potencial exportador de gás, têm apresentado preocupações quanto a riscos ambientais no Brasil. 

No caso da operação que a Petrobras mantém há quatro décadas em São Mateus do Sul, a promotora diz, por exemplo, que foi detectado mercúrio no leito de um rio em concentrações acima do estabelecido pela legislação. Há ainda casos de doenças respiratórias e suspeita de contaminação por benzeno, entre outros passivos ambientais. 

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, afirma que o Brasil está na fase dos primeiros fraturamentos hidráulicos - para extração de "shale gas" - neste ano, mesmo sem legislação no setor, o que representa risco não só ambiental, mas também para o investidor.

As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

IGREJA UNIVERSAL TEM QUE DEVOLVER DOAÇÃO

A 5ª Turma Cível do TJ-DFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios) confirmou sentença da 9ª Vara Cível de Brasília, que determinou à Igreja Universal do Reino de Deus a devolução de R$ 74.341,40, doados por uma fiel que posteriormente se arrependeu de ter entregue a quantia.

De acordo com os autos, a fiel frequentava a Igreja Universal do Reino de Deus, pagando seus dízimos em dia. Ao enfrentar um processo de separação judicial, ficou atordoada e fragilizada e teria sido induzida por um pastor a aumentar suas contribuições. Ao receber uma alta quantia por um serviço realizado, alega que passou a ser pressionada pelo Pastor para doar toda a quantia que havia recebido.O valor deverá ser restituído atualizado monetariamente pelo INPC desde as datas das compensações dos cheques e acrescidos de juros de mora de 1% ao mês. Os cheques foram compensados em dezembro de 2003 e janeiro de 2004, mas ela só entrou na Justiça, pedindo a nulidade da doação e a restituição do valor doado em 2010.

Ela acabou doando dois cheques totalizando o valor de mais de R$ 74 mil. Pouco tempo depois, ao perceber que o pastor sumira da igreja, a fiel entrou em depressão, perdeu o emprego e ficou na miséria. Por isso, pediu a nulidade da doação e a restituição de todo o valor.

A Igreja, por sua vez, afirma que a fiel sempre foi empresária, que não ficou sem rendimentos em razão da doação, e que ela tinha capacidade de reflexão e discernimento para avaliar as vantagens de frequentar a Igreja e de fazer doações. Afirmou, ainda, que “a liturgia da Igreja baseia-se na tradição bíblica, ou seja, que é a Bíblia que prevê a oferenda a Deus em inúmeras passagens, destacando, na passagem da viúva pobre, que doar tirando do próprio sustento é um gesto de fé muito mais significativo”.

Ao condenar a Igreja Universal do Reino de Deus a restituir os valores doados, a juíza considerou que a fiel teve o seu sustento comprometido em razão da doação realizada, até porque há testemunhos no processo de que houve carência de recursos até mesmo para alimentação. Segundo ela, a sobrevivência e a dignidade do doador é que são os bens jurídicos protegidos pelo artigo 548 do Código Civil (É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador).

A Igreja Universal do Reino de Deus recorreu, mas a sentença foi confirmada por unanimidade pela Segunda Instância, não cabendo mais recurso de mérito no TJ-DFT.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

HAVERÁ VIDA NA EUROPA?


Paulo Leme, entrevistado por Éder Braun, fala sobre o seu curso de 16 horas, que ocorrerá no segundo Encontro Nacional de Ateus, em São Paulo, neste ano de 2013,  no dia 17 de fevereiro, e as possibilidades de se encontrar vida fora do planeta Terra.


1) Fale-nos sobre seu trabalho e como o assunto “vida fora da Terra” se relaciona com ele.

Sou professor do Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Astronomia da Universidade Cruzeiro do Sul e uma das disciplinas que ministro é exatamente “Astrobiologia e Exoplanetas”, onde cubro o assunto em 16 horas.


2) Encontraremos vida ainda no nosso sistema solar ou teremos de explorar outros sistemas para isto?

Há inúmeras evidências da existência de vida no Sistema Solar. 

Marte tem sido alvo de especulações de existência de vida há séculos. Observações locais através de sondas encontraram indícios de que água já fluiu em sua superfície, um requisito essencial para a vida tal como conhecemos na Terra. Testes em amostragens do solo marciano buscando sinais de atividade orgânica, realizadas pelas sondas Viking 1 e 2, têm sido negativos. Apesar de não terem conseguido até o momento evidência de vida, mesmo que primitiva, ainda não se pode excluir completamente essa possibilidade.

Mas as probabilidades mais promissoras de se encontrar vida são nas luas de Júpiter e Saturno.
Europa

É praticamente consenso entre os astrofísicos de que Europa, uma das luas de Júpiter, seja a mais provável candidata à existência de vida, uma vez que apresenta possivelmente mais água líquida do que em todos os oceanos juntos da Terra. Os vastos mares salgados de Europa se encontram debaixo de cerca de 20 km de gelo extremamente rígido, o que torna a exploração tecnicamente muito difícil.

Encélado é apenas uma pequena lua de Saturno, mas ao contrário do pressuposto histórico não é simplesmente uma outra rocha coberta de gelo. Em 2005, a nave espacial Cassini da NASA fotografou Gêiseres de água congelada sendo expelida através de rachaduras no solo do hemisfério sul de Encélado. Conjectura-se que reservatórios de água líquida jazem abaixo da superfície congelada, mantidos quentes por interações gravitacionais entre esta lua e outros membros do sistema Saturniano, ou seja, o fenômeno das marés. Os requisitos para a vida encontram-se presentes.

Um fator importante, favorecendo esta lua é que amostras de tudo o que existe nesses aqüíferos ocultos, inclusive vida, são continuamente lançadas no espaço, facilitando sua detecção, sem a necessidade de complexas sondas de perfuração. 

Titã, irmão maior de Encélado, é o único astro no Sistema Solar além da Terra conhecido por apresentar lagos líquidos. São entretanto lagos de etano e metano - gases naturais liquefeitos - eternamente cobertos por uma chuva fina de hidrocarbonetos. Mas, apesar dos ingredientes estranhos e temperaturas gélidas de Titã (-180º C), este é um mundo onde existe química orgânica e pode portanto abrigar vida, apesar de um tipo distinto da que conhecemos na Terra. 


3) Atualmente temos alguns robôs em Marte, um telescópio espacial em pleno funcionamento, outro telescópio que estará em ação em 2018 e sondas que já estão em locais bem inóspitos e distantes. Qual o candidato mais provavél a nos trazer a notícia de vida extraterrestre? 

Tanto o telescópio espacial Hubble como o seu futuro sucessor James Webb não têm as características necessárias para essa finalidade. Os mais prováveis ‘arautos’ dessa notícia são mesmo as sondas e robôs, porque têm como analisar amostras do solo e eventuais atmosferas locais. A sonda Huygens, separada da espaçonave robótica Cassini assim que esta entrou em órbita de Saturno em 2004, aterrissou na superfície da lua Titã no ano seguinte e durante 90 minutos transmitiu à Terra informações importantes sobre sua composição (http://apod.nasa.gov/apod/ap130121.html). O próximo passo da NASA é enviar outra sonda para analisar a superfície líquida de Titã e procurar evidências de vida.


4) Por enquanto apenas enxergamos a possibilidade concreta de encontrarmos vida unicelular fora da terra. Mas e organismos complexos, ou indo ainda mais longe, civilizações inteligentes? Algo muito ficção científica ou uma possibilidade real?

Nosso conhecimento científico da vida baseia-se na evolução das espécies baseada na seleção natural desvendada por Charles Darwin em meados do século 19. Assim, o ser humano, o top de linha da vida na Terra, é o resultado de bilhões de anos de evolução iniciada por organismos unicelulares. 

Organismos unicelulares, organismos complexos ou vida inteligente são diferentes estágios da evolução da vida, dentro de condições ambientais adequadas existentes. O tipo de vida que podemos encontrar depende portanto do estágio da evolução local. Evidentemente só podemos nos basear na vida terrestre pois é a única que conhecemos. Entretanto há teorias de tipos de vidas diferentes, não baseadas em carbono (orgânicas) mas em silício e que utilizariam amônia no lugar da água, mas não pasam de especulações.


5) Um estudo recente do World Economic Forum cita a descoberta de vida alienígena como algo que poderia impactar profundamente a humanidade. Como tal descoberta afetaria nossa visão de mundo e as crenças religiosas estabelecidas?

O maior impacto da descoberta de vida fora da Terra a curto prazo seria provavelmente na própria ciência. Os cientistas imediatamente começariam a pressionar para conseguir apoio das agências de financiamento para as missões espaciais robóticas, e mesmo tripuladas, para estudar as formas de vida 'in loco'. Sob a comoção do evento esse apoio seria altamente provável.

A longo prazo as implicações psicológicas e filosóficas da descoberta poderiam ser profundas. Se formas de vida forem encontradas em nosso próprio Sistema Solar, mesmo fossilizadas por exemplo, significará que a origem da vida é 'fácil' e que, em qualquer lugar do universo em que ela possa surgir, ela surgirá. Isso evidenciará que a vida é tão natural e onipresente que constitui uma parte do universo assim como o são as estrelas e galáxias. A descoberta da vida mesmo simples iria alimentar especulações sobre a existência de outros seres inteligentes e desafiar muitas premissas que sustentam a religião e filosofia humana.

A descoberta de vida alienígena poderá se constituir em uma profunda mudança de paradigma sobre a posição da humanidade no universo e poderá ter consequências sociais importantes. A população em geral deverá ser preparada para lidar com tal estresse, através de campanhas para a sensibilização e educação básica, a fim de adquirir um nível mais elevado de conhecimento científico e espacial.


6) O senhor será palestrante do II Encontro Nacional dos Ateus. O que espera do evento, e qual a motivação para estar nele?

Não somente espero como tenho convicção de que passaremos a outro estágio da conscientização dos participantes do evento. Muitos deixarão de ser uma andorinha solitária, o que propiciará um novo verão com muito mais vigor. Como professor, essa consciência é minha maior motivação. 


7) No Encontro Nacional de Ateus realizado pela Sociedade Racionalista, um dos focos será a divulgação da ciência. O conhecimento científico acaba levando a descrença?

Dizem que a fé e a ciência podem andar juntas lado a lado. Eu discordo veementemente. Elas se opõem profundamente. A ciência é uma disciplina de investigação e dúvida, que busca lógica, evidência e razão para tirar conclusões. A fé, ao contrário, exige a abstenção da capacidade crítica. A ciência avança com hipóteses, ideias ou modelos e somente as aceita enquanto não existem provas contrárias. Assim, um cientista está constantemente questionando, é cético. A religião transforma crenças não testadas em uma verdade inabalável, através do poder das instituições estabelecidas, como as igrejas, e a passagem do tempo estabelecendo uma tradição. Assim, quanto mais o tempo passa, mais facilmente as pessoas passam a acreditar. É como se a passagem do tempo transformasse o que começou como uma inverdade em um fato inegável e se tornasse uma verdade oficial, um dogma. 

O conhecimento científico e a fé são antagônicos na sua própria essência.


8) Por fim, qual mensagem gostaria de deixar para àqueles que o aguardam no bairro da Liberdade na cidade de São Paulo em 17/02/2013?

Não se deixem intimidar pela imensa maioria da sociedade. Informem-se continuamente para poder defender suas convicções. Mas respeitem as posições contrárias e, sempre que possível, não antagonizem. É sábio aceitar as diferenças. 

Unam-se e reunam-se. Leiam e assistam aos vídeos de pessoas em evidência assumidamente ateus ou agnósticos como Richard Dawkins, José Saramago e Dráusio Varella. Estamos em muito boa companhia como Albert Einstein, Bill Gates, Caetano Veloso, Chico Buarque, Friedrich Nietzsche, John Lennon, Leonardo da Vinci, Oscar Niemeyer, Steve Jobs, Sigmund Freud e uma infinidade personalidades e anônimos de inteligência incontestável.