terça-feira, 28 de abril de 2015

CIENTISTA BRASILEIRA CRIA SENSOR DE CÂNCER

Cientista de Brasília cria sensor que acha câncer antes de sintoma surgir

Priscila Kosaka desenvolve projeto há seis anos em laboratório espanhol.
Técnica é 10 milhões de vezes mais sensível do que as atuais disponíveis.

Membro do Instituto de Microelectrónica de Madrid há seis anos, a cientista brasiliense Priscila Kosaka, de 35 anos, desenvolveu uma técnica para detecção de câncer que dispensa biópsias e que consegue identificar a doença antes mesmo do aparecimento dos sintomas. O resultado vem do uso de um nanosensor com sensibilidade 10 mihões de vezes maior que a dos métodos dos exames tradicionais em amostras de sangue dos pacientes. A previsão é de que ele esteja no mercado em até dez anos e também seja utilizado no combate a hepatites e Alzheimer.

Priscila Kosaka,
cientista brasiliense
Consegui um resultado que parecia apenas um sonho há quase seis anos. O que me motivou? Conseguir proporcionar uma melhor qualidade de vida para as pessoas. Quero que o diagnóstico precoce do câncer seja uma realidade em alguns anos. Trabalho em busca de um resultado como esse desde o meu primeiro dia no Bionanomechanics Lab"


A pesquisadora explica que o sensor é como um "trampolim muito pequenininho” com anticorpos na superfície. Quando em contato com uma amostra de sangue de uma pessoa com câncer, ele “captura” a partícula diferente e acaba ficando mais pesado. Outras estruturas relacionadas à técnica também fazem com que haja uma mudança de cor das partículas, indicando que o paciente que teve o fluido coletado tem um tumor maligno. A taxa de erro, segundo Priscila, é de 2 a cada 10 mil casos.

“Atualmente não existe nenhuma técnica que permita a detecção de moléculas que estão em concentrações muito baixas e que coexistam com mais de 10 mil espécies de proteínas numa única bioamostra”, afirma. “Atualmente nenhuma técnica é capaz de encontrar a ‘agulha no palheiro’. Portanto, existe uma necessidade de tecnologias capazes de registrar moléculas individuais na presença de outras moléculas muito mais abundantes. E o nanosensor que desenvolvi é capaz de fazer isso.”

De acordo com a cientista, novos estudos podem fazer com que o nanosensor também seja usado para identificar a que tipo específico pertenceria uma amostra cancerígena (gastrointestinal ou de pâncreas, por exemplo). Dados da Organização Mundial da Saúde estimam 21,4 milhões de novos casos de câncer em todo o planeta em 2030, com 13,2 milhões de mortes. Há mais de cem tipos da doença, e os mais comuns são de próstata, mama, cólon, reto e pulmão.


“[Estou] Muito feliz, amo o que faço. Consegui um resultado que parecia apenas um sonho há quase seis anos. O que me motivou? Conseguir proporcionar uma melhor qualidade de vida para as pessoas. Quero que o diagnóstico precoce do câncer seja uma realidade em alguns anos”, diz a mulher. “Trabalho em busca de um resultado como esse desde o meu primeiro dia no Bionanomechanics Lab.”Entre os benefícios da técnica desenvolvida por Priscila está o fato de que a identificação pode ocorrer dispensando a biópsia e por meio dos exames rotineiros de check-up. A cientista conta que ainda é necessário que o sensor passe por novas fases de teste. Além disso, ela precisará de financiamento para os estudos. Um dos objetivos da pesquisadora é que o equipamento tenha um custo acessível e assim possa ser adotado amplamente pela população.

Bacharel em química pela Universidade de Brasília e doutora na área pela Universidade de São Paulo, Priscila é a responsável pelas atividades relacionadas à funcionalização de superfícies do laboratório, além de trabalhar na otimização de estratégias de imobilização de biomoléculas em microcantilevers para biosensing. Ela atua ainda no desenvolvimento de sistemas de nanomecânicos e na combinação de nanotecnologias para o desenvolvimento de ferramentas de diagnóstico altamente sensíveis e específicos e é avaliadora e revisora de projetos europeus para a European Commission desde 2011.

A pesquisadora conta que a descoberta pode ser usada ainda no diagnóstico de hepatite e que pretende estender a técnica a mais doenças, como o Alzheimer. “Em lugar de fazer uma punção na medula espinhal para extrair líquido cefalorraquidiano para o diagnóstico de distúrbios neurológicos, temos sensibilidade suficiente para detectar uma proteína em uma concentração muito baixa no sangue. Assim, o paciente não precisa passar por um exame tão invasivo, pode fazer um simples exame de sangue.”

Benefícios

O oncologista Gustavo Fernandes afirmou apreciar a possibilidade de ver tecnologias do tipo à disposição no dia a dia. "Poder fazer diagnóstico precoce por meio de métodos menos invasivos é muito elegante. Os métodos que temos hoje são muito rudimentares, são muito arcaicos. É um exame físico melhorado em relação ao que se via antes, mas estamos atrás de nódulos, de caroços. O paciente continua fazendo uma porção de testes, de exames de imagem."

O médico disse ainda esperar ver como o equipamento poderá ajudar pacientes, já que cada tipo de câncer evolui de uma forma diferente e que mesmo entre tipos iguais há variações – como as causas, o comportamento no organismo e a agressividade. A única certeza é de que a intervenção precoce é uma aliada no combate à doença.

"A gente fala de brincadeira que todos os tumores que a gente tratava como comuns estão ficando raros. Câncer de mama é comum, mas as características genéticas são tão específicas que você não trata mais de câncer de mama, mas de câncer de mama de categoria tal. Ou seja, se você for apertando, você vai ter uma centena aí de doenças a partir de uma só. É que nem de pulmão, você acaba dividindo em muitos grupos. Tem muitas alterações sendo detectadas, que acaba que sob um mesmo nome tem várias doenças", concluiu.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

NELSON JUSTUS E A VERGONHA PARANAENSE

Acabou em pizza o julgamento de Nelson Justus na Comissão de Ética da Assembleia

Nelson Jusuts e a vergonha paranaense
Como era de se esperar, acabou em pizza o julgamento do deputado Nelson Justus (DEM) na Comissão de Ética da Assembleia Legislativa do Paraná O desgaste da maioria dos atuais deputados estaduais perante a opinião pública paranaense é o maior em toda a história.

É por este e outros motivos que o Paraná é conhecido em outros Estados como “a Alagoas do Sul”, porque a corrupção de muitos políticos paranaenses só encontra paralelo entre os políticos alagoanos, de triste fama. Escândalos como os das Contas CC5, Banestado, Diários Secretos da Assembleia, Anexo do Tribunal de Contas, corrupção na Câmara Municipal na administração Derosso, colocam o Paraná entre os mais corruptos do país.

O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Paraná arquivou, nesta quinta-feira (23), o processo disciplinar contra o deputado estadual Nelson Justus (DEM), por supostas irregularidades no exercício da presidência da Casa, entre 2007 e 2010. Com isso, o relatório apenas será lido em plenário para que os demais parlamentares tomem conhecimento da decisão.

A denúncia do Ministério Público (MP) do Paraná contra o deputado estadual Nelson Justus (DEN) e mais 31 pessoas acusa funcionários do gabinete do parlamentar de operar as contas bancárias de diversos funcionários fantasmas. Segundo o MP, em um único dia, um comissionado do gabinete de Justus fez 17 saques em contas diferentes, em menos de quatro minutos, em agência localizada dentro da Assembleia Legislativa (Alep)

Justus e mais 31 funcionários ligados ao seu gabinete foram acusados dos crimes de formação de quadrilha, peculato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Conforme o MP, o deputado transformou o gabinete da presidência da Alep em “máquina político-eleitoreira”, entre os anos de 2007 e 2010, quando presidiu a Casa. As irregularidades se tornaram públicas a partir de uma série de reportagens publicada em 2010 pela RPC e pelo jornal Gazeta do Povo, conhecida como "Diários Secretos".

De acordo com a denúncia do MP, apresentada em fevereiro, a quadrilha chefiada por Justus visava garantir a reeleição do deputado, de forma que os funcionários comissionados manteriam os empregos. Além disso, era uma forma de todos “enriquecerem criminosamente com parte do dinheiro desviado dos cofres públicos da Assembleia Legislativa do Paraná”, conforme trecho da denúncia.

Triste sina desses deputados cujos nomes passarão para a história como subservientes ou cúmplices no desvio de dinheiro público que tanta falta faz para o povo mais pobre.

* Extraído do Jornal Água Verde

ATO CONTRA A REDE GLOBO E A MANIPULAÇÃO DE INFORMAÇÕES

* Extraído do Jornal Água Verde

Na era em que o combate à corrupção e o discurso da moral estão na ponta da língua, a Rede Globo e sua história de desvios e manipulações parecem passar incólumes pelo crivo crítico daqueles que vestem verde e amarelo. A turma da CBF moradora em São Paulo preferiu neste domingo (26) ficar em casa - presumivelmente vendo a final do campeonato paulista e o Faustão -, enquanto centenas de pessoas de diversos movimentos sociais se manifestavam contra a emissora da família Marinho e seus 50 anos de histórias de contribuições à ditadura, às elites e ao conservadorismo do país. 

Às 15h, os manifestantes começaram a se reunir na praça General Gentil Falcão, zona sul da capital paulista, nas proximidades da sede da emissora. 

"Meus filhos assistem TV e eles assistem a Globo, mas precisam saber, desde cedo, que a Globo manipula e que poderíamos ser um país melhor sem ela”, declarou Edson Vargas, que veio de bicicleta de Ribeirão Pires, na região do ABCD paulista, com os dois filhos, de 12 e 10 anos, somente para participar da manifestação. 

Quando o ato saiu da praça e ocupou a avenida Luiz Carlos Berrini, eram 400 manifestantes, segundo a organização do ato (120, segundo a PM). Entre eles, Pedro Ekman, do Intervozes, um dos movimentos organizadores da manifestação. "O mais grave é o fato da Globo ser um monopólio de comunicação. É absolutamente antidemocrático. Você tem uma Constituição Federal que proíbe o monopólio da informação e você tem uma empresa que detém 70% do mercado. Isso em qualquer país civilizado é considerado um monopólio", defendeu o ativista. 

Durante toda a última semana, sob o comando do editor do Jornal Nacional, William Bonner, a Globo fez uma retrospectiva do jornalismo da emissora nos últimos 50 anos. "Foi uma piada", atacou Altamiro Borges, jornalista e coordenador do Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé, que comparou a emissora carioca a um "assassino". 

"Eles te matam e depois pedem desculpas à família. Do que adianta? O caos já está feito. Se a Globo não manipula o debate de 1989, onde o Brasil estaria hoje? Sem o apoio da Globo ao golpe militar de 1964, onde o Brasil estaria hoje?", disse, referindo-se ao debate presidencial entre os então candidatos Lula e Fernando Collor, em que este acabou eleito. A própria emissora, por meio de alguns de seus executivos à época, já admitiu ter editado trechos do debate para favorecer a candidatura de Collor. 

Comum entre os manifestantes era a lembrança de que a emissora, durante seus 50 anos, foi responsável pela criminalização e inviabilização de diversos movimentos sociais. 

"Na Globo, nós, os movimentos sociais, sempre somos tratados como 'vândalos', nossos atos estão sempre vazios e os discursos são manipulados pelos repórteres deles", lembrou Jussara Basso, da coordenação nacional do MTST. "Como concessão pública, eles deveriam transmitir ao povo o que está acontecendo, eles devem satisfação ao povo, mas mentem e não são cobrados por isso." 

Já na entrada principal da Rede Globo, os manifestantes picharam no muro algumas mensagens: "Assassina", "Globo Mente" e "Globo Golpista". Durante o protesto, algumas palavras de ordem foram gritadas e quatro balões com tintas vermelhas foram arremessados contra o muro. 

Ainda na frente da emissora, os manifestantes sentaram no chão e acompanharam o vídeo do direito de resposta que o ex-governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, conseguiu na Justiça e que foi lido ao vivo, na Globo, por Cid Moreira – um momento histórico da TV brasileira e marco da resistência ao autoritarismo da "vênus platinada". 

Passava das 18h quando os manifestantes começaram a retornar à praça General Gentil Falcão, ponto de partida do ato. "São 50 anos de não-comemoração. A Globo neste tempo manipulou o povo e não mostrou a realidade do país, não temos motivos para comemorar. A Globo divide o poder com a mesma elite que comanda o país desde 1965", afirmou Gabriela Guedes, do Levante Popular da Juventude. 

CUT, MTST, UNE, Levante Popular da Juventude, Intervozes e Juntos estavam entre as entidades que organizaram o ato.

RAUL SEIXAS FALA SOBRE TORTURA NO TEMPO DA DITADURA

Em áudio de 1988, Raul Seixas relata tortura sofrida durante a ditadura militar

Raul Seixas morreu no dia 21 de agosto de 1989, vítima de complicações de uma pancreatite aguda. Exatamente 25 anos após a morte do pai do rock brasileiro, um áudio do ano de 1988 mostra uma entrevista em que Raul Seixas conta detalhes das torturas que sofreu durante três dias no ano de 1974. A entrevista foi concedida ao jornalista André Barbosa, na extinta rádio FM Record de São Paulo. Ele cedeu o áudio do seu arquivo pessoal à Rádio Nacional de Brasília FM, que ao longo do dia de hoje (21) veicula a entrevista de Raul. 

De acordo com Barbosa, essa foi a primeira e, provavelmente, a última vez que ele falou sobre a prisão pelos militares em uma gravação. “Ele nunca tinha comentado sobre o assunto”, diz. 

O áudio mostra o momento da entrevista em que ele foi indagado em relação aos planos que tinha de construir uma sociedade alternativa e sobre a prisão dele. Raul suspirou e começou a contar a história.

Raul relatou, entre outras coisas, que ficou em um local subterrâneo, com limo, que apanhou e levou choques “em lugares particulares”. Do local da prisão, ele também conta que foi levado a um aeroporto e mandado para os Estados Unidos.

Só voltou ao Brasil porque o LP Gita se tornou um sucesso: “Veio o Consulado Brasileiro no meu apartamento. Era quase em dezembro de 1974. Bateu na porta do meu apartamento dizendo que eu já podia voltar. Que o Brasil já me chamava, que eu era patrimônio nacional e que tava vendendo disco”. Raul disse que voltou só porque “estava com muita saudade”.

Veja o que disse Raul Seixas sobre a prisão, tortura e exílio em 1974 (escrito com adaptações)

Em 1974, eu estava com a Sociedade Alternativa, essa ideia estrutural, com os parâmetros todos desenvolvidos. Estava em uma época esotérica, frequentando tudo, participando de tudo, escrevendo para John Lennon. Não sabia que iria me encontrar com ele. Também não sabia que eu ia ser expulso do Brasil. Ordem de prisão do 1º exército!

Ia ser doado para mim, por uma sociedade esotérica egípcia de Aleister Crowley, um terreno em Minas Gerais. E esse eu acho que foi o cume, culminou aí. Eu ia construir uma cidade, uma anticidade, o antitudo, o antiguarda. Ia fazer uma cidade modelo. Estávamos tão loucos pela ideia. Eu, Paulo Coelho, tinha um advogado, tinha um juiz. Tinha pessoas importantes de cada área na sociedade alternativa.

Então foi tudo desativado porque eu fui expulso para Nova York. Fiquei um ano exilado do Brasil, sem poder voltar. Eu fui pego na pista do Aterro [do Flamengo, no Rio] quando eu voltava de um show. Um carro do Dops barrou o meu táxi e eu fiquei nu com uma carapuça preta na cabeça. Fui para um lugar, se não me engano, Realengo. Eu sinto que foi por ali, Realengo. Um lugar subterrâneo, que tinha limo. Eu tateava as paredes e tinha limo.

E vinham cinco caras me interrogar. Tinha um bonzinho, um outro bruto que me dava murro, um que dava choque elétrico em lugares particulares e tudo. Eu fiquei três dias lá. Sabe, cada um tinha uma personalidade. Era uma tortura de personalidade. Eu não sabia quem vinha. Só sentia pelos passos. Eu pensava, era o cara que batia. Era o cara que tem o...

Após três dias, eu estava no aeroporto. Já tinha deixado o LP Gita gravado e não sabia que ia fazer sucesso sozinho. Não sabia que ia estourar. E ele estourou. Acho que tocou umas seis faixas. Uma por uma. Gita, Sociedade Alternativa, Medo da Chuva... foi um disco que foi muito explorado. Então, eu estava lá nos Estados Unidos. Já tinha encontrado com John Lennon, já tinha corrido o país, era casado com uma americana na época. E tinha cantado com Jerry Lee Lewis em Memphis, Tenesee. Ele me acompanhou de piano.

Tinha transado [feito muitas coisas] um bocado nos EUA quando veio o Consulado Brasileiro no meu apartamento. Era quase em dezembro de 1974. Bateu na porta do meu apartamento dizendo que eu já podia voltar. Que o Brasil já me chamava, que eu era patrimônio nacional e que tava vendendo disco. Cinicamente, o cara falou assim.

É, eu voltei. Tava com muita saudade. Voltei para o Brasil e vi o disco Gita estourado aqui. E foi mais ou menos assim aquele ano de 1974. Mas tudo bem. Eu me refiz, graças a Deus, não fiquei com trauma psicológico nenhum e acho que as coisas se processam dessa maneira.

Para ouvir o áudio, acesse o link: http://www.ebc.com.br/cidadania/2014/08/em-audio-de-1998-raul-seixas-relata-tortura-sofrida-durante-a-ditadura-militar 

quinta-feira, 23 de abril de 2015

OPERAÇÃO ZELOTES CAMINHA COM DIFICULDADES

A imponência dos envolvidos complica o andamento da investigação, que atinge o dobro dos valores da Lava Jato

A dimensão da Zelotes estarrece: o valor investigado soma o dobro daquele até o momento apurado na Operação Lava Jato. E, mais ainda, fere a consciência dos cidadãos honestos a constatação de como a corrupção faz parte do estilo de vida dos poderosos do Brasil. Está sobretudo neste poder a dificuldade de uma investigação profunda e independente. Ao comparar Zelotes com Lava Jato, em primeiro lugar, na análise dos comportamentos das autoridades judiciárias atuantes nos procedimentos, verifica-se de imediato a inexorável discrepância política entre graúdos sonegadores e funcionários petistas destinatários do propinoduto da Petrobras.

Última instância à qual o contribuinte brasileiro pode recorrer para reverter dívidas com a Receita Federal, o Carf acumula, atualmente, cerca de 105 mil processos cujo valor ultrapassa 520 bilhões de reais. Até então esquecido dentro da estrutura do Ministério da Fazenda, o órgão ganhou o noticiário após a Polícia Federal desarticular um esquema responsável por negociar votos de seus conselheiros e fraudar votações que causaram um prejuízo estimado em 6 bilhões de reais. São 74 processos investigados no valor de 19 bilhões de reais em dívidas de bancos, montadoras de automóveis, siderúrgicas e inúmeros grandes devedores que apostavam na corrupção de agentes públicos para burlar o pagamento de impostos. Na opinião dos investigadores da PF, trata-se da maior fraude tributária descoberta no Brasil.

Com números tão expressivos e nomes acostumados a frequentar as mais badaladas listas de grandes empresas, a Operação Zelotes acumula muitos dos requisitos necessários a uma investigação de futuro incerto. Ciente desse cenário nada favorável, a PF, desde o recebimento da denúncia anônima que deu origem ao inquérito, toma todos os cuidados para evitar um desfecho sem punições. Para desviar do caminho de operações como a Castelo de Areia, aniquilada pelo fato de ter começado com uma denúncia não identificada, os investigadores realizaram uma série de diligências preliminares que resultaram em um acervo probatório capaz de tirar o sono de grandes empresários cujas dívidas fiscais foram abatidas pelo Carf entre 2005 e 2015.

Os recursos de dívidas tributárias funcionam da seguinte maneira. O processo administrativo fiscal, o PAF, começa com o auto de infração pela delegacia da Receita de cada estado. Caso o contribuinte reclame, o procedimento segue para a Delegacia da Receita Federal de Julgamento, a DRJ, considerada a primeira instância. Posteriormente, os recursos seguem para o Carf, onde passam primeiro pelas turmas ordinárias e especiais e, caso prossiga o impasse, são decididos no pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais. O órgão é composto de 216 conselheiros, dos quais 108 indicados pela RF e 108 pelos contribuintes. Eles não recebem remuneração e na prática as indicações são todas políticas. “O que vimos e foi demonstrado é que muitos conselheiros agem em benefício de causa própria, utilizando o órgão como um meio de obter acesso fácil a clientes e causas importantes, utilizando-se das facilidades de acesso a sistemas e outros servidores e conselheiros, tudo em prol do seu interesse particular de enriquecimento em detrimento dos cofres da União, fazendo do Carf um lucrativo balcão de negócios”, descreveu o delegado federal Marlon Oliveira Cajado dos Santos no pedido de busca e apreensão contra os integrantes da organização criminosa.

Foi ao solicitar as prisões, em janeiro deste ano, que os investigadores tiveram certeza das dificuldades a serem enfrentadas. O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Criminal de Brasília, única especializada em lavagem de dinheiro na capital, negou todos os pedidos de prisão contra integrantes do esquema. Mas antes, ainda em 2014, os investigadores perceberam que algo estranho ocorria. Após as diligências preliminares confirmarem a denúncia anônima, a PF solicitou a quebra de sigilo fiscal das empresas e pessoas apontadas como integrantes do esquema. Os arquivos com as informações bancárias revelaram aproximadamente 163 mil transações financeiras entre as empresas e pessoas investigadas. A soma alcançou a cifra de 1,3 bilhão de reais. Com esses números, ficou evidente para os delegados a necessidade de interceptações telefônicas a fim de descobrir qual era o modus operandi do grupo e quem eram seus clientes finais. Nesse primeiro momento, estavam na mira dos federais dois núcleos de empresas de fachada intermediadoras do pagamento de propina.

O primeiro deles era comandado pelo ex-conselheiro José Ricardo da Silva. Filho do também ex-conselheiro Eivany Antonio da Silva, investigado no passado em esquemas de fraudes tributárias parecidas com os que são alvos da Zelotes. Silva, diz a PF, “esteve envolvido em associação criminosa com João Batista Grucinki, o ex-conselheiro Edison Pereira Rodrigues, Adriana Oliveira e o conselheiro Paulo Roberto Cortez”. Para os investigadores, as interceptações telefônicas e telemáticas comprovaram que José Ricardo da Silva, quando conselheiro, foi corrompido para atuar em processos da Gerdau de 1,2 bilhão de reais. Embora tenha atuado diretamente em votações, a PF descobriu que Silva, após deixar o Carf, passou a utilizar ao menos oito empresas de fachada para receber vultosas quantias de partes integrantes de processos na Receita Federal.

Por conta da extensa quantidade de informações colhidas com a quebra do sigilo das empresas de Silva, a PF conseguiu, na primeira fase da Zelotes, apenas mapear e analisar as transações da SGR Consultoria Empresarial. Entre 2005 e 2013, a empresa movimentou cerca de 115 milhões de reais. Ao mapear as 909 transações financeiras, a PF descobriu que a origem dos valores são empresas com processos pendentes no Carf. Com 11,9 milhões em depósitos, a RBS, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul, lidera o ranking de empresas que mais depositaram nas contas da SGR. Diz a PF sobre a relação das duas empresas. “A empresa RBS foi citada como tendo sido beneficiada com a venda de decisão favorável pelo esquema do Carf. Em que pese ainda não tenhamos prova cabal da corrupção, o fato de José Ricardo se declarar impedido no julgamento somado com as transferências de dinheiro para as contas da SGR acaba dando provas de que ele defendia o interesse privado da RBS.” A empresa discutia uma dívida de 672 milhões de reais no órgão.

Três bancos também foram responsáveis por depósitos nas contas da SGR. O Brascan depositou 2,7 milhões de reais em 22 de setembro de 2011. O banco possui ao menos três processos no Carf. Em um deles, Silva participou de um dos julgamentos mesmo com sua empresa mantendo vínculo com o Brascan. Envolvido em um escândalo mundial de lavagem de dinheiro, o HSBC figura na lista como depositário de 1,5 milhão de reais efetuado em 2005. Dois processos em desfavor do banco foram encontrados no Carf. O julgamento dos recursos, segundo a PF, coincide com os depósitos. O terceiro banco que manteve relações com a SGR foi o Opportunity. Por meio de sua gestora de recursos, segundo a PF, o banco de Daniel Dantes depositou, em 2009, 177 mil reais nas contas da empresa. Foram encontrados 18 processos no Carf relacionados ao grupo alvo da Operação Satiagraha.

Outras empresas que depositaram nas contas da SGR são: a Marcondes e Mautoni Emprrendimentos, com 4,7 milhões, Via Engenharia (1,8 milhão), GRV Solutions (1,1 milhão), Tov Corretora (566 mil), Suzano Celulose (469 mil), Votorantim (469 mil), Werebe Associados (422 mil), Incobrasa (405 mil), Electrolux (387 mil), Qualy Marcas (305 mil), Caenge SA (300 mil), Avipal (292 mil), Merck SA (257 mil), Hotéis Royal Palm (217 mil), Gestão Planejamento (128 mil), Vinicio Kalid Advocacia (222 mil) e Lemos Associados (117 mil). Por sua vez, a PF registrou um depósito de 12 mil reais da empresa de Silva para Silas Rondeau. Ex-ministro das Minas e Energia, entre 2005 e 2007, Rondeau ocupou cadeiras nos conselhos da Eletrobras, Petrobras e Eletronorte.

Embora inicialmente Silva fosse o alvo principal, com o andamento da investigação um segundo grupo foi descoberto. O núcleo era formado por Jorge Victor Rodrigues, tendo como parceiros o assessor de Otacilio Cartaxo, atual presidente do Carf, Lutero Nascimento, o genro de Cartaxo, Leonardo Manzan, o chefe da delegacia da Receita em São Paulo, Eduardo Cerqueira Leite, e o ex-auditor do Tesouro Jeferson Salazar. Sócio da SBS Consultoria Empresarial, o conselheiro Jorge Victor foi flagrado nos grampos telefônicos ao negociar o pagamento de propina em vários casos envolvendo recursos bilionários no Carf. Em um deles, uma dívida 3,3 bilhões de reais do Banco Santander, o conselheiro aparece em conversas com Lutero Nascimento, assessor de Cartaxo, nas quais eles tratam os detalhes do plano para cooptar o conselheiro Jorge Celso Freire da Silva.

Entre setembro e outubro de 2014, as coversas entre os dois, segundo a PF, demonstram que o plano teve êxito e contou com a participação de Manzan, genro de Cartaxo. De acordo com o levantamento feito pelos investigadores, o processo em questão era relativo à compra do Banespa pelo banco espanhol e a comissão para o grupo conseguir barrar a cobrança ficaria entre 1% e 1,5% do valor da dívida abatida. Diz o relatório da investigação sobre o caso Santander: “Entendemos restar demonstrado que o grupo corrompeu o Presidente da Turma Jorge Celso Freire da Silva para fazer o exame de admissibilidade e colocar em pauta, tendo este cobrado 500 mil reais”.
Enquanto acompanhavam o desenrolar das negociações envolvendo o Santander, os agentes federais perceberam que Jorge Victor também atuava em outros casos milionários. Em um deles, sobre um processo do Banco Safra de 767 milhões de reais, foi possível detalhar a ação do grupo e a participação de João Inácio Puga, integrante do Conselho de Administração do banco. Para este caso, diz a PF, foi acordado um pagamento de 28 milhões de reais para o grupo de Jorge Victor “a fim de que fossem distribuídos entre o pessoal de São Paulo, Jorge Victor e conselheiros para a agilização dos processos dentro do Carf”. Outros 2,5 milhões de reais foram solicitados em forma de adiantamento a “pretexto de localizar e cooptar a pessoa certa para a manipulação”. Com o objetivo de comprovar as negociações, a Polícia Federal acompanhou o encontro agendado por telefone entre Puga e os integrantes do esquema. No dia 25 de agosto de 2014, os agentes fotografaram desde o encontro dos envolvidos no aeroporto, a reunião em um restaurante na capital paulista e o retorno de Puga para a sede do Safra na Avenida Paulista (quadro ao lado).

Foi a ação do grupo de Jorge Victor em um processo do Banco Bradesco o responsável por acender o alerta vermelho, em 2014, dentro da PF. Após as diligências preliminares e quebras de sigilo, o juiz Ricardo Leite autorizou que as interceptações telefônicas começassem em 28 de julho de 2014. A partir desse momento, as suspeitas, uma a uma, foram confirmadas pelas conversas entre membros do grupo criminoso, conselheiros e representantes das empresas beneficiadas. Tudo ia bem, até que no início de setembro os grampos mostraram os preparativos para uma reunião entre integrantes do grupo criminoso e a cúpula do Bradesco.

Em conversas realizadas entre setembro e outubro, o conselheiro Jorge Victor fala ao ex-auditor do Tesouro Jeferson Salazar e ao chefe da Delegacia Especial da Receita em São Paulo, Eduardo Cerqueira Leite, dos detalhes do encontro. Diz o relatório da PF: “As ligações corroboram não só o encontro, mas também as tratativas para o julgamento. Salazar chega a dizer que Eduardo foi bem em suas colocações na reunião com o BRA(Bradesco). Estavam todos, os vices e o presidente. O Trabu (Trabuco) esteve presente, cumprimentou a todos e saiu”. A PF chegou a mobilizar uma equipe para acompanhar o encontro, mas não teve êxito em registrar com fotos, porque os policiais foram convidados a se retirar do prédio da presidência do banco, em Osasco.

A partir desse primeiro encontro, em outubro, os investigadores acompanharam várias conversas entre os integrantes do núcleo de Jorge Victor sobre as negociações com o Bradesco. As expectativas do grupo melhoraram em 12 de novembro, quando o Carf negou por unanimidade um recurso do banco. Com a negativa, os integrantes do grupo debateram nas conversas interceptadas ser momento de tentar fechar um contrato para intermediar, como aponta a PF, “a reversão do resultado do processo na Câmara Superior”. Seria prometido achar “o paradigma para o recurso especial e alguém para apreciar e aceitar” a argumentação. Um dia após a votação, em 13 de novembro, a negociação com a cúpula do Bradesco fica explícita em um grampo. Em conversa grampeada com Eduardo Leite, o empresário Mário Pagnozzi, apontado pela PF como responsável por captar clientes para o esquema, comenta que o próprio Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, conversou com ele e afirmou: “Mário, fico feliz de você estar aqui, ajudando o banco”.

Com essas informações, os investigadores se animaram e aguardavam o desenrolar das negociações para provar a corrupção envolvendo o Bradesco e o grupo. Entretanto, sete dias após a conversa interceptada citar a fala de Trabuco a Pagnozzi, em 20 de novembro, o juiz Ricardo Leite mandou cessar as interceptações telefônicas e impediu a PF de confirmar se o banco aceitara a proposta. A decisão irritou os investigadores e confirmou as desconfianças sobre a dificuldade em investigar os desmandos dentro do Carf. Nos bastidores, os agentes federais fazem questão de lembrar que o ministro da Fazenda Joaquim Levy, também ex-funcionário do banco, logo que assumiu nomeou como vice-presidente do Carf a advogada do Bradesco Maria Teresa Martinez Lopes.

Questionado, o banco esclareceu que “possui estrutura própria suportada por renomados escritórios contratados para atuar em sua defesa no âmbito judicial e administrativo, os quais são os únicos autorizados a representar em nosso nome nos processos”. Sobre a reunião com integrantes do grupo investigado pela PF, o banco informou que ela foi solicitada por eles e contou com a participação dos executivos Domingos Abreu e Luiz Carlos Angelotti. “Não procede a informação de que o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, tenha participado.” Sobre a nomeação da advogada Maria Lopes para a vice-presidência do Carf, o banco diz que ela faz parte do conselho do órgão há 15 anos.

Por meio de nota, a Gerdau informou não ter sido procurada até o momento e que todos os processos referentes à empresa ainda estão em trâmite no Carf. “Com relação a estes processos, nenhuma importância foi paga, a qualquer título, a qualquer pessoa física ou jurídica por conta de sua atuação em nome da Gerdau.” A RBS, por meio de nota, afirmou ter “a convicção de que, no curso das investigações, ficará demonstrada a correção dos procedimentos da empresa. Tão logo seja contatada pelas autoridades competentes, o que ainda não ocorreu, a empresa terá a oportunidade de colaborar para a plena elucidação dos fatos”.

O Santander informou que “a defesa da empresa é sempre apresentada de forma ética e em respeito à legislação aplicável e que o banco está à disposição dos órgãos competentes para colaborar com qualquer esclarecimento que seja necessário”. A Electrolux afirmou que até o presente momento não foi notificada por qualquer autoridade e defendeu que “seus negócios são guiados por um código de ética e compliance independente”. O HSBC também disse não ter sido comunicado pelos órgãos responsáveis pela investigação e negou qualquer pagamento com “vistas a influenciar a atuação de agentes públicos”.

Enquanto os documentos amealhados nas buscas e as transações financeiras das outras empresas ligadas aos integrantes do esquema são analisados, nos bastidores da Zelotes o clima é de apreensão. Com o retrospecto negativo na relação com o juiz Ricardo Leite, os investigadores duvidam que novas diligências e quebras de sigilo sejam autorizadas. Cientes do poder financeiro e político dos envolvidos, a frase mais repetida entre as autoridades é: “Precisamos de um Sergio Moro em Brasília”.

ESPERANÇA NO TRATAMENTO DO ALZHEIMER

Novo tratamento contra Alzheimer restaura totalmente a função da memória

Pesquisadores australianos criaram uma tecnologia de ultra-som não-invasiva que limpa o cérebro das placas responsáveis ​​pela perda de memória e pelo declínio da função cognitiva em pacientes com Alzheimer.

Se uma pessoa tem a doença de Alzheimer, isso é geralmente o resultado de uma acumulação de dois tipos de lesões – placas amilóides e emaranhados neurofibrilares. As placas amilóides ficam entre os neurônios e criam aglomerados densos de moléculas de beta-amilóide.
Os emaranhados neurofibrilares são encontrados no interior dos neurónios do cérebro, e são causados por proteínas Tau defeituosas que se aglomeram numa massa espessa e insolúvel. Isso faz com que pequenos filamentos chamados microtúbulos fiquem torcidos, perturbando o transporte de materiais essenciais, como nutrientes e organelas.

Como não temos qualquer tipo de vacina ou medida preventiva para a doença de Alzheimer – uma doença que afeta 50 milhões de pessoas em todo o mundo – tem havido uma corrida para descobrir a melhor forma de tratá-la, começando com a forma de limpar as proteínas beta-amilóide e Tau defeituosas do cérebro dos pacientes.

Agora, uma equipa do Instituto do Cérebro de Queensland, da Universidade de Queensland, desenvolveu uma solução bastante promissora. Publicando na Science Translational Medicine, a equipa descreve a técnica como a utilização de um determinado tipo de ultra-som chamado de ultra-som de foco terapêutico, que envia feixes feixes de ondas sonoras para o tecido cerebral de forma não invasiva.

Por oscilarem de forma super-rápida, estas ondas sonoras são capazes de abrir suavemente a barreira hemato-encefálica, que é uma camada que protege o cérebro contra bactérias, e estimular as células microgliais do cérebro a moverem-se. As células da microglila são basicamente resíduos de remoção de células, sendo capazes de limpar os aglomerados de beta-amilóide tóxicos.

Os pesquisadores relataram um restauro total das memórias em 75 por cento dos ratos que serviram de cobaias para os testes, havendo zero danos ao tecido cerebral circundante. Eles descobriram que os ratos tratados apresentavam melhor desempenho em três tarefas de memória – um labirinto, um teste para levá-los a reconhecer novos objetos e um para levá-los a relembrar lugares que deviam evitar.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

PARANAENSE FACHIN É INDICADO PARA O STF

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Após alguma demora e indefinição, a presidente Dilma finalmente decidiu-se pelo nome do jurista paranaense Luiz Édson Fachin, muito respeitado por seu alto conhecimento jurídico, assim como por sua reputação ilibada, para ser o novo ministro do Supremo Tribunal Federal.
Luiz Edson Fachin, grande jurista paranaense

Fachin vai ocupar a vaga de foi de Joaquim Barbosa, de triste memória, que, ao alcançar o posto mais alto do poder judiciário no Brasil não soube manter um comportamento à altura, afundando-se em desmandos e julgamentos sem o devido embasamento legal, além de outros episódios que terminaram por determinar a sua aposentadoria precoce.

Abaixo a nova composição do Supremo Tribunal Federal, que por algum tempo ainda terá que conviver com escroques togados, como o ministro Gilmar Mendes, notório pelas vendas de sentenças que beneficiam banqueiros e traficantes, livrando-os da cadeia e propiciando a fuga do país, diretamente para a impunidade, além de atuação desastrosa em ações que poderiam beneficiar o povo brasileiro.

Sua mais recente maldade é segurar, por mais de um ano, já, o processo que discute a proibição de doações de empresas a candidatos, nas eleições, impedindo a tramitação do tema, altamente relevante para a nação, principalmente neste momento de investigações de relações promíscuas entre os financiadores de campanha e o grande nível de corrupção que assola o país, demonstrando que o esquema já é antigo e foi utilizado por muita gente. Principalmente por quem o indicou para o cargo.

Mas, falando principalmente de coisa boa, Fachin vai ocupar vaga que o Estado do Paraná não tinha há muito tempo, desde a criação do Excelso Pretório, e que teve por estrela solitária o jurista Ubaldino do Amaral Fontoura, que embora de grande brilho, teve duração efêmera, sendo nomeado em dezembro de 1894 e exonerado a pedido em maio de 1896.

Passados quase 110 anos, novamente um jurista nascido em terras paranaenses terá a oportunidade de brilhar no STF.




terça-feira, 14 de abril de 2015

O PRIMO COMPLICA BETO RICHA

O envolvimento de Luiz Abi Antoun em denúncias de corrupção complica a administração do tucano

Richa tenta se disvincular do primo, 
mas o passado está documentado
Dilma Rousseff tem uma companhia na amargura da baixa popularidade. Beto Richa, governador do Paraná, vive o mesmo inferno astral. Entre dezembro e fevereiro, a popularidade do tucano foi do céu ao chão: de 64% de aprovação a 76% de rejeição. A mudança de humor do eleitor paranaense deu-se após a frustrada tentativa da administração estadual de impor um pacote de medidas econômicas que promovia um aumento de impostos e taxas, limitava os direitos trabalhistas e abocanhava 8 bilhões de reais do fundo de Previdência do funcionalismo. “O governo chegou ao fundo do poço”, avalia Murilo Hidalgo, diretor da Paraná Pesquisas, responsável pela pesquisa.

Pela interpretação de Hidalgo, pior não poderia ficar. Ou poderia? Uma sucessão de escândalos recentemente revelados ameaça ainda mais a já carcomida imagem de Richa. O principal personagem do enredo é Luiz Abi Antoun, primo do governador e considerado eminência parda da administração paranaense. Antoun, suspeita o Ministério Público, comandaria um esquema de fraudes em licitações e contratos para a manutenção de veículos oficiais, sonegação de impostos e extorsão de empresários promovido por fiscais e auditores estaduais.

Segundo Leonir Batisti, procurador de Justiça e coordenador-geral do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, uma série de operações revelou a extensão do esquema. A primeira delas, batizada de Publicanos, teve início há cerca de nove meses e foi motivada por denúncias de extorsão encaminhadas por empresários ao Ministério Público. O líder seria Márcio de Albuquerque Lima, inspetor-geral de Fiscalização da Receita estadual. Foragido da Justiça, Lima costumava acompanhar o governador nas provas de automobilismo realizadas em Londrina. Os procuradores não calcularam o tamanho do prejuízo, mas a propina oscilaria entre 5% e 6% do valor devido pela empresa. Na quinta-feira 26 de março, o Gaeco indiciou 23 suspeitos de participar do esquema, entre fiscais, auditores e empresários.

Em janeiro deste ano, em outra operação, foi preso Marcelo Caramori, assessor da Governadoria do Estado, sob suspeita de participação em uma quadrilha de exploração sexual de crianças e adolescentes. Ao ser detido, Caramori apresentou-se, diz o MP, como “assessor do governador em Londrina”, além de mostrar uma tatuagem onde se lia “100% Beto Richa”. Disposto a colaborar com a Justiça, o assessor envolveu Antoun na história. Segundo ele, o primo de Richa seria o “caixa financeiro” tucano, responsável por arrecadar dinheiro para campanhas eleitorais. Foi além: Antoun teria organizado um esquema criminoso sustentado pela nomeação de apadrinhados em “pontos estratégicos” da estrutura do governo estadual e manteria um elo com Lima, o foragido. Em novo depoimento em 5 de fevereiro, Caramori reiterou as acusações.

A partir das delações do assessor, o Ministério Público realizou em 17 de março a Operação Voldemort e reuniu provas e indícios da participação de Antoun em fraudes nas licitações para serviços de manutenção em veículos oficiais. A Providence, uma oficina de propriedade do primo do governador, apontam os procuradores, foi contratada em regime de emergência pelo Departamento de Transporte Oficial do Estado do Paraná. Quando o contrato expirou, outra empresa venceu a licitação, mas assinou um acordo para subcontratar a Providence. Seria uma forma, descrevem os procuradores, de manter o esquema de enriquecimento ilícito.

Depois de uma semana na cadeia, Antoun foi solto graças a um habeas corpus do juiz substituto Márcio José Tokars, que nas redes sociais se comporta como um militante do PSDB. A denúncia contra os suspeitos, entre eles o primo de Richa, foi, no entanto, aceita por outro magistrado, Juliano Nanuncio, da 3ª Vara Criminal de Londrina. E ele e outros sete acusados viraram réus.

O governador se defende e diz combater a corrupção. Cita como prova a demissão de 14 servidores da Receita estadual durante o seu primeiro mandato. Descreve Antoun como um “parente distante” com quem mantinha relacionamento “apenas social”. Sua campanha, afirma, teve uma equipe responsável pela arrecadação financeira e o primo “jamais fez parte do grupo”.

Imagens e informações recentemente divulgadas enfraquecem os argumentos do tucano. Quando deputado estadual, Richa nomeou o primo como assessor de seu gabinete. Em 2009, então prefeito de Curitiba, ele aparece ao lado de Antoun durante uma visita ao ex-premier do Líbano Said Hariri. Em outra foto, a comitiva posa ao redor de uma mesa no convés de um iate, o Lady Y, de 62 pés, com seis suítes e avaliado em 30 milhões de dólares. Nas imagens, a relação parece bem mais estreita do que admite o governador.

Para Daniel Godoy Junior, presidente da Comissão da Verdade na Ordem dos Advogados do Brasil, seção Paraná, a corrupção permeia todos os escalões da vida pública brasileira. “O descrédito da sociedade com os homens públicos e partidos políticos é generalizado. Sem uma reforma política que estabeleça o financiamento público de campanha, acredita, a corrupção será retroalimentada pelo dinheiro de empresários que financiam as eleições. O criminalista e professor de Direito Penal da Universidade Federal do Paraná, Francisco Monteiro Rocha Junior, defende a tese de que a questão fundamental não está apenas em apontar os responsáveis pelos crimes, mas vinculá-los aos responsáveis pelos “atos de decisão”. “Os principais responsáveis pela corrupção no Brasil não são os que executam, mas quem decide e não aparece.”
*Reportagem publicada originalmente na edição 844 de CartaCapital, com o título "O governador e o primo"

CPI DO HSBC INICIA TRABALHOS

EM 'MAR DE INDIFERENÇA', CPI DO HSBC INICIA DEPOIMENTOS

Enquanto na França, Arlette Ricci é presa e multada em US$ 1,1 milhão por manter conta secreta e recursos não declarados na agência do HSBC na Suiça, no Brasil, o escândalo não incomoda os "revoltados" que vão às ruas, mas neste 'mar de indiferença', como pontua a colunista do 247, Tereza Cruvinel, a CPI do Senado, puxada pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), começa a ouvir os primeiros envolvidos no caso nesta semana; na quinta (16), o primeiro a ser ouvido será o doleiro Henry Hoyer, apontado por Alberto Youssef em sua delação premiada como um parceiro do PP no esquema Petrobras; também será ouvido Celso Moreira da Silva, ex-diretor do Metrô de São Paulo, acusado de improbidade administrativa.

Mas os grandes clientes de Hoyer seriam os donos de contas na agência suiça do HSBC, para onde ele providenciava transferências de recursos não declarados no Brasil através de operações intrincadas e difícil rastreamento.

O outro depoente de quinta-feira será Celso Moreira da Silva, ex-diretor do Metrô de São Paulo, acusado de improbidade administrativa pelo Ministério Público por envolvimento no esquema de propinas cobradas da fornecedora francesa Alston durante os ultimos governos tucanos em São Paulo. Antes ainda do escândalo internacional denominado Swissleaks, os procuradores já haviam descoberto que ele tinha contas na Suiça.

Outro ex-diretor do metrô, Ademir Venâncio de Araújo, também envolvido com o caso “trensalão”, também será ouvido mais adiante. Ele e Moreira da Silva, segundo reportagem do jornal O Globo em parceria com o site Uol Notícias, teriam na Suíça depósitos superiores a três milhões de dólares em suas respectivas contas.

O presidente do HSBC no Brasil, André Brandão, também foi convocado mas seu depoimento deve ocorrer na próxima semana.

CURITIBA PODE ALTERAR NOME DE RUAS

Nomes de ruas que tenham ligação com a ditadura militar podem ser alterados

Nomes de ruas e praças com alusão à ditadura militar podem ser alterados. É o caso, por exemplo, da Avenida Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, no bairro Alto da XV; ou da Rua Presidente Marechal Dutra, na CIC. A proposta tramita na Câmara Municipal e revoga todos os atos, decretos ou leis municipais que tenham conferido a ruas, avenidas, praças e edifícios públicos, nomes relacionados ao Golpe de 1964, e aos governos ou autoridades que lideraram o governo durante o período ditatorial, que se estendeu até 1985. O projeto é do vereador Pedro Paulo (PT). Para ele, é importante que haja reconhecimento de quem lutou a favor da democracia.

Um levantamento deve apontar quais logradouros têm o nome relacionado ao período ditatorial e devem ter o nome alterado, caso o projeto seja aprovado em plenário.

Projetos semelhantes já foram aprovados em Porto Alegre, para nomes de ruas, e no Maranhão, para nomes de escolas. A votação na Câmara de Curitiba deve acontecer nas próximas semanas.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

CEF PERDE RECURSO E FGTS VAI TER CORREÇÃO

A Taxa Referencial, responsável pela correção monetária no período, estava abaixo do valor da inflação

Quem teve contrato formal em regime CLT entre 1999 e 2013 e contribuiu com o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) deve ficar bastante atento. Neste ano, o STF (Supremo Tribunal Federal) considerou a TR (Taxa Referencial), responsável até então pela correção monetária de precatórios e do FGTS, como inconstitucional e ilegal. “A decisão ocorreu porque durante o período vigente em que foi utilizada (1999 a 2013), a TR não acompanhou os demais índices de correção e esteve abaixo da inflação, o poder de compra não foi recuperado e os trabalhadores receberam menos do que deveriam”, explica o especialista em Direito Tributário da RCA Advogados, Dr. Robson Amador.

Por causa da mudança, todos as pessoas que trabalharam nos últimos 14 anos, inclusive os aposentados, podem entrar com ação judicial para pedir a correção do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. A estimativa é que a diferença percentual entre o que o trabalhador de fato recebeu, e o que deveria ter recebido, varia de 60% a 80%, dependendo dos meses e dos anos trabalhados.

A partir de agora, o índice escolhido para a correção monetária do FGTS será o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). “Assim como outros índices, o INPC sempre acompanha o nível da inflação. Em termos de comparação, em um ano a TR acumula uma variação de 0,04%, enquanto o INPC registra uma alta de 6,67% durante o mesmo período”, relaciona o especialista em Direito Tributário.

Aposentados e contribuintes que já tenham sacado o Fundo de Garantia também têm direito à revisão. O pedido pode ser feito em até 30 anos. Para entrar com a ação, o trabalhador deve obter os extratos do FGTS de 1999 a 2013 junto à Caixa Econômica Federal, RG, CPF, comprovante de residência procurar um advogado especialista. “A partir dos extratos, haverá uma comparação entre o índice que foi aplicado e o índice que deveria ter sido utilizado. A partir daí será calculada a diferença”, esclarece Robson Amador.

FGTS – O FGTS foi criado em 1966 por meio da Lei 5.107, para proteger o trabalhador demitido sem justa causa. Atualmente, é a Lei 8.036/1990 que regula o FGTS e faz menção à correção monetária. O Fundo de Garantia é uma conta aberta pelo empregador junto à Caixa Econômica Federal, para que seja depositado mensalmente 8% do salário, mais atualização monetária e juros.

Como surgiu a Taxa Referencial? – A Taxa Referencial é originária da Lei 8.177, que foi criada em 1991, no Plano Collor II. A iniciativa fez com que os valores recolhidos do FGTS não refletissem os índices oficiais da inflação, o que causou prejuízo aos trabalhadores.

RICHA E FRUET FINGEM QUE QUEREM O METRÔ

A senadora Gleisi Hoffmann (PT) perdeu a paciência com o governador Beto Richa (PSDB) e o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), que, segundo ela, estariam fingindo querer construir o metrô na capital paranaense.

“Olhando todo esse período, não me parece que a intenção de construir o Metrô em Curitiba seja para valer”, afirmou a parlamentar, nesta quinta-feira (9), pelo Facebook, ao analisar a demora para o início das obras do novo modal de transporte de massa.

Gleisi criticou o fato de Fruet pedir mais R$ 463 milhões ao governo federal para o metrô curitibano. Segundo ela, que acompanha a discussão desde o início, a presidenta Dilma Rousseff (PT) já reafirmou R$ 1,8 bi, recursos do orçamento federal, mais financiamento pelo BNDES, bancando a maior parte da obra.

“Enquanto isso, o sistema integrado de ônibus, que fez fama internacional para Curitiba, está se desmanchando”, disparou a senadora.

Embora dura na crítica, Gleisi Hoffmann elevou mais o tom contra o governador Beto Richa. Mas para a frente política essa puxada de orelha em Fruet, coincidente com o 5º congresso do PT, soou como um recado de que o partido não vai a reboque em 2016… Será que isso tudo vai terminar em rompimento? Será?

A seguir, leia a íntegra da crítica pública de Gleisi sobre a questão da crise no transporte público de Curitiba:

SOBRE O METRÔ DE CURITIBA

Curitiba deveria rediscutir o projeto de Metrô, levando em consideração todo o sistema de transporte de massa da nossa Capital e da região metropolitana. Acompanho há vários anos essa discussão sobre o Metrô.

Particularmente desde quando, há mais de cinco anos o então prefeito Beto Richa relançou a ideia e solicitou apoio federal. Olhando todo esse período, não me parece que a intenção de construir o Metrô em Curitiba seja para valer. Já tivemos diversos anúncios e em pelo menos duas ocasiões a presidenta Dilma Rousseff afirmou e reafirmou apoio ao projeto, oferecendo primeiro R$ 1 Bilhão e depois aumentando para R$ 1,8 bi, recursos do orçamento federal, mais financiamento pelo BNDES, nos dois casos. Com isso, o governo federal se dispôs a bancar a maior parte dos custos da obra.

No ano passado, o Tribunal de Contas do Estado mandou suspender a licitação já programada, provavelmente por estarmos próximos das eleições. Liberou a licitação depois do pleito.

Agora, o prefeito Gustavo Fruet anuncia que está pedindo ao governo federal que amplie em mais R$ 463 milhões os recursos orçamentários para o Metrô. Ou seja, demorou-se tanto a encaminhar o assunto que os recursos não são mais suficientes e precisam ser aumentados antes mesmo da licitação.

Enquanto isso, o sistema integrado de ônibus, que fez fama internacional para Curitiba, está se desmanchando. Atitudes demagógicas de Beto Richa, que usou a tarifa para se eleger e para se reeleger, parecem ser a principal razão para o desequilíbrio financeiro do sistema. Em 2012, reconhecendo o problema, o já governador, na tentativa de reeleger seu candidato à prefeitura, ofereceu subsídio financeiro do Estado para reequilibrar as contas do sistema integrado. E depois da eleição mudou o discurso, dizendo não ser correto que o Estado se responsabilize por despesas dos municípios.

O resultado foi o rompimento da integração, com tarifas muito mais altas para os cidadãos/usuários das cidades vizinhas. E vemos notícias com cenas de pessoas, principalmente mulheres, em situação vexatória de se disporem a pular as catracas em terminais, por não terem como pagar passagens tão caras.

Então, sugiro ao prefeito Gustavo que refaça o debate com a Capital e com as autoridades das cidades vizinhas e também do governo estadual: será que a prioridade é mesmo o Metrô? Vamos investir quase seis bilhões de reais durante vários anos (obra de Metrô é demorada mesmo), enquanto o sistema tradicional, digamos assim, de Curitiba e região se desmancha e atende de maneira cada vez mais indigna os trabalhadores e as trabalhadoras, estudantes, enfim, as pessoas que precisam se deslocar diariamente?

Pode ser que, diante das dificuldades cada vez maiores enfrentadas pelo sistema integrado, a população prefira investir na revitalização e ampliação do nosso sistema, recoloca-lo em condições de transportar de maneira digna aqueles que dele se servem.

Por último, uma pergunta de natureza prática: sabendo que o governo do Estado não se dispôs a continuar com o subsídio que o próprio governador Beto Richa criou, será que podemos esperar que o governo do estado entre com sua parte de responsabilidade já assumida para a construção do Metrô? Sejamos francos, com essa crise em que se encontram as finanças do Paraná e com a postura já mostrada pelo governador Richa, é muito oportuno que o prefeito Gustavo se certifique disso antes de licitar e iniciar a obra, para não termos uma obra parada no coração da cidade, por falta dos recursos.

SHOW DE CLÁUDIA LEITTE É CANCELADO EM CURITIBA

Motivo seria a baixa procura pelos ingressos, cujos valores variavam de R$106,00 a R$ 606,00.

O show da cantora Claudia Leitte em Curitiba, que aconteceria no dia 7 de maio, no Teatro Positivo, foi cancelado, após a baixa procura por ingressos. Os bilhetes foram colocados à venda há algumas semanas, mas apenas as poltronas da primeira fila e poucas outras em todo o teatro estavam ocupadas. 

Ingressos já vendidos terão o dinheiro devolvido aos poucos adquirentes que se dispuseram a pagar o preço acima.

Parece ser mais uma vitória (embora ainda tímida) do bom gosto, e uma justificativa da fama de seletiva da platéia curitibana, que serve (ou deveria servir) como termômetro para a qualidade das produções culturais do país.

Ainda assim, é opinião corrente de que muita coisa sem a menor qualidade, ou de qualidade duvidosa continua a se apresentar em nossa cidade. Afinal, existe gosto para tudo.

GANÂNCIA SEM LIMITES - NESTLÉ QUER PRIVATIZAR A ÁGUA

Presidente da Nestlé diz que água não é um direito humano e deve ser privatizada

Na opinião de Peter Brabeck, a água deveria ser tratada como qualquer outro bem alimentício e ter um valor de mercado estabelecido pela lei de oferta e procura


O atual presidente e ex-CEO da Nestlé, o maior produtor de alimentos do mundo, acredita que a resposta para as questões globais da água é a privatização. Esta afirmação está no registro da maravilhosa empresa que vende junk food na Amazônia, tem investido dinheiro para impedir a rotulagem de produtos cheios de organismos geneticamente modificados,tem um preocupante registro médico e ético devido à sua fórmula dirigida a crianças e tem implementado um exército cibernético para monitorar crítica na internet e moldar discussões nas mídias sociais.

Esta é, aparentemente, a empresa a qual devemos confiar a gestão da nossa água, apesar de grandes empresas de bebidas como a Nestlé terem um histórico na criação de escassez:Peter Brabeck-Letmathe, um empresário austríaco que é presidente do grupo Nestle desde 2005, afirma que é necessário privatizar o fornecimento da água. Isso para que nós, como sociedade, tomemos consciência de sua importância e acabássemos com o subpreço que se produz na atualidade.

Palavras sujas que provocaram estupor, sobretudo quando se tem em conta que a Nestlé é a líder mundial na venda de água engarrafada. Um setor que representa 8% de seu capital, que em 2011 totalizaram aproximadamente 68,5 bilhões de euros.

Pero Brabeker junta essa a outras críticas para destacar que o fato de muitas pessoas terem a percepção de que a água é gratuita faz com que em várias ocasiões não lhes deem valor e a desperdicem. Assim sustenta que os governos devem garantir que cada pessoa disponha de 5 litros de água diária para beber e outros 25 litros para sua higiene pessoal, mas que o resto do consumo teria que gerido segundo critérios empresariais.

Apesar das rejeições que sua posição provoca, faz tempo que ele defende, sem cerimônia, com entrevistas como esta que aparece no vídeo abaixo, que qualifica de extremistas as ONGs que sustentam que a água deveria ser um direito fundamental.

A grande verdade é que, na prática, a água já é privatizada e vendida aos cidadãos a preço cada vez mais caro.

PSDB NÃO VÊ A CORRUPÇÃO NO PARANÁ

O deputado estadual Requião Filho, do PMDB, encaminhou ofício a três lideranças do PSDB - os senadores Aécio Neves (PSDB/MG) e Alvaro Dias (PSDB-PR), assim como o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) - em que cobra um posicionamento sobre os escândalos de corrupção que atingem o governo paranaense, de Beto Richa.

"Por muito menos, o PSDB pediu o impeachment da presidente Dilma", diz ele.


Leia a íntegra da sua coluna, publicada também no Blog do Esmael, de onde republico, para maior amplitude da informação e do debate:

Por Requião Filho*

Estamos cansados de tanta incoerência e tantos escândalos de corrupção no Paraná.

O PSDB Nacional pediu o impeachment de Dilma por menos do que tenta agora o atual DESgoverno do Paraná. Encaminhei um ofício aos líderes do PSDB nacional – Álvaro Dias, Aécio Neves e Carlos Sampaio – solicitando um posicionamento e uma atitude em relação à contradição adotada pelo governador Beto Richa. Após a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, ele copiou a manobra nacional para adequar o resultado ao rombo das contas que promoveu no estado em 2014, para garantir a aprovação do Tribunal de Contas. Ele não cumpriu o que prometeu e agora quer anular o que disse jogando para nós, deputados estaduais, a aprovação desta imoralidade.

É necessária uma interferência imediata da cúpula do PSDB no Estado do Paraná, no intuito de vetar que o governador aplique tal manobra, considerada ilegal e imoral com a população paranaense. A atitude adotada pelo Desgovernador PSDBista não apenas coloca em xeque o discurso de seu próprio partido, mas é capaz de rotular como ‘mentiroso’ todo o trabalho realizado pelo PSDB Nacional para evitar as alterações propostas pelo Executivo Federal.

O atual DESgoverno traiu o povo do Paraná. Após anos de propaganda mentirosa e um dos maiores estelionatos eleitorais da história política do Paraná… o famoso “o melhor está por vir” quando ele sabia que o Estado estava quebrado e agora cobra de nós paranaenses a conta de sua incompetência. Ontem entrou em vigor o aumento de impostos para mais de 95 mil produtos de consumo popular (alimentos, medicamentos, produtos de higiene e uso doméstico, calçados, vestuário, madeira, eletrodomésticos, entre outros). Esse é o resultado do primeiro “pacotaço” do governador, aprovado em comissão geral na Assembleia Legislativa, no dia 10 de dezembro do ano passado!

O segundo pacotaço que levou o Paraná a praticamente uma greve geral e teve que ser retirado às pressas da ALEP, com a promessa que não voltaria a ser apresentado e o que voltasse seria discutido agora volta fatiado, camuflado e sem ter sido discutido com a sociedade. A manobra continua. Vem aí o próximo capítulo da novela “O pacotaço”. O cenário será o mesmo, a Assembleia Legislativa do Paraná.

Além de todas estas incongruências, a corrupção se avizinha do Palácio Iguaçu. Notícia em cima de notícias demonstram que o Desgovernador não sabe escolher seus amigos e conselheiros. Todos os escândalos de corrupção, misteriosamente e de maneira suspeita, envolvem pessoas próximas ao Governador… envolve do primo ao co-piloto do seu carro de corrida passando pelo fotografo tatuado.

Está na hora dos políticos do Paraná mostrarem que estão do lado do povo e deixarem sua marca, ou serão fatalmente eliminados nas próximas eleições, como em paredões de reality shows, seguindo esquecidos e anônimos no meio da multidão.

Chega de enrolação!!! Vamos lançar um movimento contra a corrupção no Paraná, um moimento à favor da investigação das ligações entre os escândalos que tornam o nosso Estado notícia no Jornal Nacional e suas ligações com o atual Governo.

Vamos divulgar e noticiar os nomes daqueles que se opõe à corrupção e aqueles que se calam diante dela.

A distância entre o discurso e a prática é grande. Fala-se muito em combate a corrupção, mas as atitudes não correspondem aos discursos.

Queremos CPI da Receita, queremos a CPI da Corrupção.