domingo, 4 de dezembro de 2011

ADEUS, DR. SÓCRATES

Príncipe da Democracia Corintiana, Sócrates fez o Brasil repensar o futebol
O futebol brasileiro perdeu um de seus maiores craques, dentro e fora de campo, neste domingo. Morreu, aos 57 anos, em São Paulo, o ex-jogador Sócrates. Internado na noite de sexta-feira, ele não resistiu a uma infecção generalizada e teve a morte confirmada às 4h30.

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira nasceu em Belém, no dia 19 de fevereiro de 1954, com nome de príncipe. E foi justamente a elegância e maestria dentro de campo que fizeram do Doutor um dos maiores jogadores de todos os tempos. 

Na Ribeirão Preto dos anos 70, Sócrates tinha uma vida dupla -; dividia-se entre o curso de medicina e os treinos do Botafogo. Mesmo treinando menos do que os companheiros, o meio-campista esguio conseguia se destacar. E como se destacava: foi artilheiro do Campeonato Paulista de 1976 e levou a equipe ao título do primeiro turno de 1977.

Era o momento de escolher entre o futebol e a medicina. E, com a faculdade concluída, Sócrates enfim passou a se dedicar ao esporte. Em 1978, depois de uma negociação conturbada, ele chegou ao Corinthians. Enfim, o Doutor teria a chance de conquistar títulos e escrever o nome na história do futebol brasileiro.

No clube do Parque São Jorge, Sócrates ganhou três campeonatos paulistas, em 1979, 1982 e 1983. Mas as vitórias, os títulos e as conquistas ficaram pequenas perto do que o meio-campista significou para a história do clube e do futebol brasileiro. 

Com a camisa do Corinthians, Sócrates virou lenda. 

Não foram apenas os gols, os passes de calcanhar, a classe para organizar e distribuir o jogo que fizeram do paraense um ídolo, unanimidade entre os corintianos. Em um país marcado pela ditadura militar, Sócrates liderou o movimento da 'Democracia Corintiana', em que os jogadores decidiam os rumos da equipe -; entre outras coisas, o time teve abolida a concentração antes dos jogos.

Enquanto a postura fora de campo levava Sócrates à condição de ídolo incontestável, mesmo de outras torcidas, o futebol colocou o meio-campista em duas Copas do Mundo. Em 1982, o sonho de ver o futebol arte no topo do planeta parou na Itália de Paolo Rossi; em 1986, Platini e o goleiro Joel Bats fizeram a França avançar, deixando Sócrates sem um título de Mundial.

Depois do Corinthians, o Doutor trocou São Paulo por Florença, onde defendeu a Fiorentina. Os lances geniais continuavam lá, mas a alegria ia embora ao ver companheiros pouco inspirados e um time que não lutava pelas maiores conquistas.

De volta ao Brasil em 1985, Sócrates deu a outras torcidas a alegria que os corintianos se acostumaram a ter. Ele jogou no Flamengo, no Santos e encerrou a carreira em 1989, no Botafogo de Ribeirão Preto, onde tudo começou.

Fora dos campos, Sócrates deu sequência à carreira informal de contestador. Foi comentarista esportivo, escreveu artigos sobre esporte e política, reclamou, posicionou-se. Nunca ficou em cima do muro, nunca fugiu do debate, nunca negou uma boa briga por seus ideais.

Sócrates foi príncipe em uma democracia. Foi ídolo de uma nação que vai além da República Popular do Corinthians. 

O craque com nome de filósofo fez o Brasil pensar e repensar o futebol. 

E, neste domingo, faz o país pensar novamente: por que não há novos Sócrates?

Fonte: ESPN

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