sábado, 10 de janeiro de 2015

ASSASSINATO DA LÍNGUA PORTUGUESA

A cada dia que passa, mais e mais casos de maus tratos à última flor do lácio são perpetrados. Nada demais quando se analisa a língua falada nas ruas, pelo povo. Mas torna-se grave quando as mutilações linguísticas são incansavelmente perpetradas por agentes da nossa valorosa imprensa, que deveria, ao menos em tese, serem os guardiões da boa linguagem, tanto em sua forma escrita quanto na forma falada.

Mesmo sem a intenção de esgotar os casos, e muito menos de cansar meus eventuais leitores, passarei a elencar os casos mais gritantes que observar, principalmente na grande imprensa, de alcance nacional e aquela que ao menos aparentemente tem algum comprometimento com a qualidade, e, por conseguinte, teria a obrigação de melhor observar as regras da língua portuguesa.

Certamente não vamos nos preocupar com os jornalecos ou programas popularescos, os que têm mais compromisso com o faturamento e o engambelamento da população mais simples, que adotam a forma incorreta de expressão ou como forma de mais facilmente enganar o consumidor de seus programas ou jornais, ou por real desconhecimento das normas linguísticas, o que seria indesejável para quem se propõe a trabalhar neste ramo de atividade. Mas que, na prática, é o que mais se verifica.

ESPN

Nesta oportunidade, vou comentar uma chamada do grupo televisivo ESPN, de canal por assinatura, o que significa que supostamente está falando para um público mais elitizado, tanto economica quanto culturalmente, eliminando, então, a componente popularesca como desculpa para o erro grosseiro que comete.

Na chamada para a transmissão da premiação da Bola de Ouro da FIFA, para o melhor jogador da Europa, que se pretende que seja o melhor do mundo, mas é apenas da Europa, já que os jogadores que não atuam neste continente sequer são cogitados para a premiação.

A grande falha vem na ânsia de vincular o Brasil à premiação, onde o país não participa com nenhum atleta masculino, mas tão somente com a sete vezes vencedora da premiação Marta.

Diz a chamada que "... no futebol feminino, a brasileira Marta representa o país..."

Ora, faltam, portanto, alguns esclarecimentos: A brasileira Marta está representando qual país? Isso não foi mencionado.

Até porque parece óbvio que a atleta está representando o Brasil. Sendo assim, é totalmente desnecessária a adjetivação da jogadora como brasileira, pois isto já está subentendido quando se afirma que ela representará o país no certame.

Redundância, para dizer o mínimo, é a figura de linguagem que comete a emissora multinacional. Pode parecer simples, mas é uma coisa que dói nos ouvidos de qualquer pessoa com o mínimo conhecimento da língua portuguesa. Um erro tão óbvio que os manuais de redação das emissoras de televisão deveria se prevenir quanto a isso. 

E descabe dizer que se trata de um equívoco simples, tão comum em transmissões de eventos ao vivo, pois trata-se de uma chamada claramente elaborada e gravada em estúdio, destinada a repetição exaustiva.

A nós, só resta lamentar e ressaltar neste espaço, anelando para que esta gora em um oceano sirva, de alguma forma, como contribuição para melhorar o nível de expressão em língua portuguesa.

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