quarta-feira, 21 de outubro de 2015

CORRUPÇÃO NO NORTE PIONEIRO

Prefeitos e ex-prefeitos são suspeitos de desviar R$ 300 mil da Amunorpi

Entidade nunca prestou contas dos gastos, segundo Ministério Público. Denúncia afirma que dinheiro público bancava contas de ex-secretária.
Tânia Dib, secretaria executiva da entidade

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) denunciou à Justiça quatro prefeitos e quatro ex-prefeitos, suspeitos de desviar quase R$ 300 mil de dinheiro público. Todos foram presidentes da Associação dos Municípios do Norte Pioneiro (Amunorpi). Segundo as investigações, a entidade nunca prestou contas dos gastos e, conforme a promotoria, o dinheiro do contribuinte bancava até a vida confortável de uma funcionária.

Foram denunciados os prefeitos de Ribeirão do Pinhal, Dartagnan Fraiz (PSD), de Tomazina, Guilherme Cury Saliba (PSD), de Barra do Jacaré, Edimar Alboneti (PP), e de Wenceslau Braz, Atahyde Ferreira dos Santos Jr (PSDB), que é o atual presidente da Amunorpi.

O MP-PR também incluiu nos processos os ex-prefeitos de Guapirama, Eduí Gonçalves, de Siqueira Campos, Luiz Antônio Liechocki, de São José da Boa Vista, Dilceu Bona, e de Joaquim Távora, Cláudio Rivelino.

A associação, que reúne 26 municípios do norte pioneiro, arrecadou em 2013 R$ 1,8 milhão. Cada prefeitura paga uma mensalidade, mas a maior parte dos recursos vem de contratos intermediados pela entidade. Segundo a promotoria, não havia nenhum tipo de controle sobre os gastos da entidade.

"Acredito que muitos prefeitos sabiam como o dinheiro era administrado. Mas, por outro lado, muitos prefeitos vieram até nós para denunciar essa situação, pois eram contrários ao que acontecia na associação", diz a promotora Kelen Kele Cristiani Diogo Bahena.

O MP-PR também entrou com ações criminais contra dois contadores e contra a secretária-executiva da Amunorpi. Tânia Dib estava no cargo há 10 anos, e na prática era ela que administrava a Amunorpi.

De acordo com a promotoria, a ex-secretária ganhava R$ 12 mil por mês, mas comprava tudo o que queria com o dinheiro da Associação de Municípios. Os promotores encontraram notas de vestidos, sapatos e até de cílios postiços pagos com dinheiro do contribuinte.

"Ela [ ex-secretária] ia até as lojas, comprava o que queria, e depois mandava cobrar o valor na associação", explica um dos promotores do caso.

A pedido do MP-PR, Tânia Dib foi afastada do cargo e teve de entregar o passaporte. Depois das denúncias ela deixou Santo Antônio da Platina. Na casa onde morava, ainda segundo o MP-PR, as contas de água, luz, telefone, internet e o aluguel eram pagas com dinheiro da Amunorpi.

Nos processos, o Ministério Público pede a perda dos direitos políticos dos envolvidos e a devolução do dinheiro. Em nota, o advogado de Tânia Dib, César de Melo, nega que a ex-secretária executiva tenha usado o dinheiro da associação. Segundo o advogado, as roupas e alimentos eram para cerimoniais da entidade. Ainda de acordo com a defesa, Tânia Dib tinha direito a auxílio moradia e sempre trabalhou sob ordens e orientações da diretoria.

O atual presidente da Amunorpi, o prefeito de Wenceslau Braz, Athayde de Ferreira, informou que estava há apenas dois meses no comando da associação quando começaram as investigações. Ele diz que estၠcolaborando com o MP-PR e que ainda não foi notificado sobre a denúncia.

O prefeito de Ribeirão do Pinhal, Dartagnan Fraiz, disse que ainda não teve acesso ao teor da denúncia e negou envolvimento nas irregularidades. Guilherme Cury Saliba, prefeito de Tomazina, também afirmou que vai esperar ser notificado para apresentar a defesa. O prefeito de Barra do Jacaré, Edimar Alboneti, não atendeu as ligações.

O ex-prefeito de São José da Boa Vista, Dilceu Bona, e o ex-prefeito de Joaquim Távora, Cláudio Rivelino, também afirmam que não foram notificados e que não podem se pronunciar sobre a denúncia.

Luiz Antônio Liechoki, ex-prefeito de Siqueira Campos, disse que os pagamentos nunca passaram por ele. O ex-prefeito de Guapirama, Eduí Gonçalves, não foi localizado.

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