quarta-feira, 5 de maio de 2010

PORQUE O IRÃ DEVE CONTINUAR COM OS TESTES NUCLEARES

Em primeiro lugar, porque acredito que o Irã, assim como qualquer país do mundo, deve ter respeitado o direito à autodeterminação dos povos, que é tão caro a nós, brasileiros, como aos norte-americanos e europeus, além de outros países desenvolvidos. Por que somente ao chamado terceiro mundo deveria ser negado esse direito? Ou seria somente pelo fato de se tratar de um país árabe? Ou, melhor dizendo, persa. Mas, de qualquer forma, inimigo de Israel.
O fato é que o Brasil também tem um programa nuclear independente da tecnologia ou autorização norte-americana - talvez uma das poucas boas heranças do regime militar de triste memória - e, vez ou outra, sofre algum tipo de pressão com relação a isso, como a mais recente, onde norte-americanos insistiam em vistoriar nossas instalações nucleares.
Ora, se eles sempre se negaram a nos fornecer a tecnologia nuclear, o que nos obrigou a desenvolver uma tecnologia própria, mais eficiente do que a deles, porque motivo deveríamos entregar-lhes esta tecnologia de graça? Muito bem fez o governo brasileiro em negar esta sanha americana, mesmo diante da ameaça - logo retirada, ou esquecida - de alinhar o Brasil ao que eles chamam de "Eixo do Mal".
Neste "Eixo do Mal", encontra-se o Irã, e todo o restante do mundo se acha no direito de pressioná-lo, como se tivessem condições de dizer o que é bom ou ruim para todos os povos, mandando às favas o tão caro direito de autodeterminação dos povos. Que, certamente, só vale para os aliados e submissos.
Os mesmos argumentos que vociferam os norte-americanos contra o Irã, foram apregoados aos quatro ventos no caso das armas de destruição em massa que supostamente teria o Iraque de Saddam Hussein. Não que este fosse santo, mas, passado tanto tempo da guerra que destruiu e ainda continua a prejudicar o povo iraquiano, nenhuma arma foi descoberta. E nada mais se fala a respeito do assunto. É o silêncio dos vencedores.
E dá-lhe resolução da ONU para tentar enquadrar o Irã, com maiores embargos de diversas naturezas, que somente virão em prejuízo do povo iraniano, sem qualquer preocupação para com os direitos humados persas. Novamente, somente argúem a defesa dos direito humanos quando lhes é conveniente.
Não fosse a heróica resistência da China e seu direito de veto no Conselho de Segurança ONU e já teriam aprovado uma guerra contra o Irã.
Em segundo lugar, pelo fato de que ninguém é mais pródigo em fazer ouvidos de mercador às resoluções da ONU, senão os EUA e seu protegido Israel.
E somente o fazem por confiarem no poderio das armas, no império da força que detêm. Quem, então, faz parte, verdadeiramente, do "eixo do mal"?
O poderio militar e o arsenal nuclear norte-americano é indiscutível. E, durante os anos da guerra fria somente não ocorreu uma guerra de fato pelo equilíbrio - real ou não - com a extinta União Soviética, em termos de armamentos.
E é exatamente este equilíbrio o que falta no oriente Médio. Região de conflitos milenares pela disputa de um território, onde todos e ninguém têm plena razão; mas que, em função do poderio militar de Israel, e principalmente, com o domínio da tecnologia nuclear e posse de bombas atômicas, que desequilibra de maneira estrondosa esta balança de poder, jamais poderá ser alcançado.
Não fosse o poderio econômico evidente, que reflete no poder militar, ainda dispõe, Israel, de costas quentes com o autodenominado "xerife" do mundo, os EUA. Não se sabe exatamente o motivo desta aliança preferencial, mas o assunot poderá ser debatido neste espaço, no futuro. Mas o fato é que, sob beneplácito norte-americano, o estado judeu desconsidera solenemente qualquer resolução da ONU que lhes seja desfavorável, atuando, mesmo, em contradição a toda a opinião pública mundial, simplesmente pelo fato de deter o monopólio da força na região, seja pessoalmente, seja pelas costas-quentes que possuem. E os demais países, que também morrem de medo dos EUA, nada fazem, além de aprovar resoluções contra Israel, que, de antemão, sabem que jamais serão respeitadas.
Assim, até a presente data, nenhum indício existe de que o Irã dará destinação não-pacífica à tecnologia nuclear que vem desenvolvendo. Pode ser que seu desiderato seja exatemente o mesmo do brasileiro, qual seja a produção de energia para impulsionar seu país e dar conforto ao seu povo.
Todavia, se pretender fabricar uma bomba atômica com esta tecnologia, entendo que isso somente poderá redundar em maior equilíbrio regional e maiores possibildiades de êxito em alguma negociação de paz na região. Porque, então, Israel se veria na necessidade de ceder em alguma coisa para prosperar o processo de paz, coisa que não vem sentindo a menor necessidade de fazer, em razão da posição de supremacia que vem desfrutando.

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