terça-feira, 20 de novembro de 2012

O ROUBO NO PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS

Os postos de Curitiba têm o maior lucro do país na venda de gasolina. A margem média dos estabelecimentos, que há apenas quatro semanas era a segunda menor entre as 27 capitais, tornou-se a mais alta na semana passada, revelou ontem uma pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Entre os dias 11 e 17 de novembro, a gasolina estava sendo vendida nas bombas por um preço médio de R$ 2,85 o litro, 55 centavos acima do valor pago pelos postos às distribuidoras (R$ 2,30). Com isso, o lucro embutido no preço ao consumidor foi de 19,3%, em média - bem acima da margem média de todas as capitais, de 13,8%. Esses porcentuais não incluem receitas dos postos com outros produtos e serviços, nem gastos com pessoal, aluguel e outros.

R$ 2,899 por litro é o preço da moda para a gasolina em Curitiba. Dos 95 postos consultados pela agência reguladora, 39 – cerca de 40% do total – estão cobrando esse valor.

Os números da ANP mostram que o preço ao consumidor subiu 16% desde o fim de outubro, bem acima do reajuste de 2% promovido pelas distribuidoras, que fornecem combustível aos postos.

Quatro semanas atrás, quando as distribuidoras cobravam em média R$ 2,255 por litro, o preço de venda ao consumidor oscilava em torno de R$ 2,461. Com isso, a margem de lucro dos postos de Curitiba era de pouco menos de 21 centavos por litro, ou 8,4% – na ocasião, superava apenas a dos estabelecimentos de São Luís, no Maranhão (7,7%).

53 postos visitados na semana passada não apresentaram nota fiscal de compra da gasolina à empresa pesquisadora contratada pela ANP, o que é irregular. Só 42 cumpriram a norma.

Reajustes

A disparada nos preços começou às vésperas do feriado de Finados, quando, pondo fim a uma suposta “guerra de preços”, grande parte dos postos curitibanos reajustou o valor do litro em até 50 centavos. Nas semanas seguintes, outros estabelecimentos elevaram seus preços, o que aos poucos foi elevando a média calculada pela ANP.

Dos 95 postos consultados pela agência reguladora na semana passada, só quatro cobravam menos de R$ 2,60 pelo litro da gasolina. O menor preço era de R$ 2,397, em um posto do bairro Santa Quitéria, e o mais alto, de R$ 2,949, no Hugo Lange. O levantamento evidencia uma grande concentração em torno de apenas dois valores: segundo a ANP, 39 estabelecimentos estavam cobrando R$ 2,899 por litro, e em 24 o litro custava R$ 2,849.

Etanol

Os preços do etanol, e os ganhos com o produto, também aumentaram. No fim de outubro, o litro do combustível de cana era vendido por R$ 1,82, com margem de R$ 0,208 (11,4%). Na semana passada, o preço médio ao consumidor chegou a R$ 1,955 por litro e o lucro, a R$ 0,333 (17%) – o quarto mais alto entre as capitais do país.

Consulte

A lista completa de postos visitados pela ANP, com preços e margens de lucro, está emwww.anp.gov.br/preco.

E o mais incrível é que apenas as autoridades não conseguem detectar a formação de cartel nos postos de gasolina. Em tempos em que o STF condena acusados apenas pela aparência, sem provas, o Ministério Público, tão cioso em aparecer na mídia, não consegue investigar um simples caso de cartel tão evidente quanto este, e tão prejudiical ao povo e à economia da cidade de Curitiba.

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