quarta-feira, 12 de junho de 2013

BOLSA FAMÍLIA E REPARAÇÃO SOCIAL

“Bolsa Família inicia reparação social histórica”, diz socióloga que lançou obra sobre o programa.

livro sobre o programa Bolsa Família
Dos rincões miseráveis do Brasil emergiram as vozes de mais de uma centena de mulheres que foram ouvidas por uma pesquisadora paulista preocupada em compreender os impactos do programa Bolsa Família na vida dos 5,4 milhões de beneficiários. Ainda alvo de críticas por vários setores, o programa de transferência de renda é considerado pela socióloga Walquíria Leão Rego como um começo de reparação social do Estado brasileiro para com os mais pobres. “Estas pessoas saíram da miséria absoluta, os índices de mortalidade infantil ficaram mais baixos e isto tem impacto fundamental para um país que se diz minimamente democrático. Conviver com a miséria como o Brasil conviveu por tantos séculos, mesmo depois do fim do regime militar, deveria ser um processo que mexe com todos os brasileiros”, disse.

Professora do programa de pós-graduação em Sociologia da Unicamp, Walquíria Leão Rego fez a pesquisa por conta própria, sem apoio financeiro da Unicamp ou do Governo Federal. Financiou as viagens do próprio bolso, agendando as excursões em seus períodos de férias. A seu lado, em parte da pesquisa, esteve o filósofo italiano Alessandro Pinzani, que leciona na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “A qualidade de vida destas pessoas melhorou e elas não estão mais adoecendo. Esta afirmação é algo constatada não só em minha pesquisa, que não é quantitativa, mas pelo Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada], IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], ONU [Organização das Nações Unidas], Pnud [Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento], todos constatam a mesma coisa”, afirma.

Concebida com a finalidade de averiguar se, como e em que medida a nova renda e sua regularidade afetam a vida cotidiana das famílias e, em particular, das mulheres, a pesquisa completa estará disponível no livro Vozes do Bolsa Família, a ser lançado pela Editora Unesp (Universidade Estadual Paulista) no dia 11 de junho. “A remuneração proporciona uma liberdade pessoal. Esta é uma das importantes funções do benefício ser em dinheiro. É diferente se fosse uma cesta básica, onde já é determinado o que a pessoa irá fazer com o recurso e o que ela irá comer”, explica a socióloga.

Na visão da professora, os ataques ao programa federal criado pelo governo Lula são feitas por setores específicos da sociedade e com base em conceitos preconceituosos. Ela não acredita em uso político de seu livro. “Este recente episódio do boato que o programa iria acabar e que levou centenas de pessoas aos bancos em poucas horas mostra bem para os críticos o tamanho da necessidade do Bolsa Família. Por isso, acho pouco provável que alguém queira brincar com isso”, analisa.

Fonte: blog do Valter do PT

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