quinta-feira, 9 de abril de 2015

RICHA E FRUET FINGEM QUE QUEREM O METRÔ

A senadora Gleisi Hoffmann (PT) perdeu a paciência com o governador Beto Richa (PSDB) e o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), que, segundo ela, estariam fingindo querer construir o metrô na capital paranaense.

“Olhando todo esse período, não me parece que a intenção de construir o Metrô em Curitiba seja para valer”, afirmou a parlamentar, nesta quinta-feira (9), pelo Facebook, ao analisar a demora para o início das obras do novo modal de transporte de massa.

Gleisi criticou o fato de Fruet pedir mais R$ 463 milhões ao governo federal para o metrô curitibano. Segundo ela, que acompanha a discussão desde o início, a presidenta Dilma Rousseff (PT) já reafirmou R$ 1,8 bi, recursos do orçamento federal, mais financiamento pelo BNDES, bancando a maior parte da obra.

“Enquanto isso, o sistema integrado de ônibus, que fez fama internacional para Curitiba, está se desmanchando”, disparou a senadora.

Embora dura na crítica, Gleisi Hoffmann elevou mais o tom contra o governador Beto Richa. Mas para a frente política essa puxada de orelha em Fruet, coincidente com o 5º congresso do PT, soou como um recado de que o partido não vai a reboque em 2016… Será que isso tudo vai terminar em rompimento? Será?

A seguir, leia a íntegra da crítica pública de Gleisi sobre a questão da crise no transporte público de Curitiba:

SOBRE O METRÔ DE CURITIBA

Curitiba deveria rediscutir o projeto de Metrô, levando em consideração todo o sistema de transporte de massa da nossa Capital e da região metropolitana. Acompanho há vários anos essa discussão sobre o Metrô.

Particularmente desde quando, há mais de cinco anos o então prefeito Beto Richa relançou a ideia e solicitou apoio federal. Olhando todo esse período, não me parece que a intenção de construir o Metrô em Curitiba seja para valer. Já tivemos diversos anúncios e em pelo menos duas ocasiões a presidenta Dilma Rousseff afirmou e reafirmou apoio ao projeto, oferecendo primeiro R$ 1 Bilhão e depois aumentando para R$ 1,8 bi, recursos do orçamento federal, mais financiamento pelo BNDES, nos dois casos. Com isso, o governo federal se dispôs a bancar a maior parte dos custos da obra.

No ano passado, o Tribunal de Contas do Estado mandou suspender a licitação já programada, provavelmente por estarmos próximos das eleições. Liberou a licitação depois do pleito.

Agora, o prefeito Gustavo Fruet anuncia que está pedindo ao governo federal que amplie em mais R$ 463 milhões os recursos orçamentários para o Metrô. Ou seja, demorou-se tanto a encaminhar o assunto que os recursos não são mais suficientes e precisam ser aumentados antes mesmo da licitação.

Enquanto isso, o sistema integrado de ônibus, que fez fama internacional para Curitiba, está se desmanchando. Atitudes demagógicas de Beto Richa, que usou a tarifa para se eleger e para se reeleger, parecem ser a principal razão para o desequilíbrio financeiro do sistema. Em 2012, reconhecendo o problema, o já governador, na tentativa de reeleger seu candidato à prefeitura, ofereceu subsídio financeiro do Estado para reequilibrar as contas do sistema integrado. E depois da eleição mudou o discurso, dizendo não ser correto que o Estado se responsabilize por despesas dos municípios.

O resultado foi o rompimento da integração, com tarifas muito mais altas para os cidadãos/usuários das cidades vizinhas. E vemos notícias com cenas de pessoas, principalmente mulheres, em situação vexatória de se disporem a pular as catracas em terminais, por não terem como pagar passagens tão caras.

Então, sugiro ao prefeito Gustavo que refaça o debate com a Capital e com as autoridades das cidades vizinhas e também do governo estadual: será que a prioridade é mesmo o Metrô? Vamos investir quase seis bilhões de reais durante vários anos (obra de Metrô é demorada mesmo), enquanto o sistema tradicional, digamos assim, de Curitiba e região se desmancha e atende de maneira cada vez mais indigna os trabalhadores e as trabalhadoras, estudantes, enfim, as pessoas que precisam se deslocar diariamente?

Pode ser que, diante das dificuldades cada vez maiores enfrentadas pelo sistema integrado, a população prefira investir na revitalização e ampliação do nosso sistema, recoloca-lo em condições de transportar de maneira digna aqueles que dele se servem.

Por último, uma pergunta de natureza prática: sabendo que o governo do Estado não se dispôs a continuar com o subsídio que o próprio governador Beto Richa criou, será que podemos esperar que o governo do estado entre com sua parte de responsabilidade já assumida para a construção do Metrô? Sejamos francos, com essa crise em que se encontram as finanças do Paraná e com a postura já mostrada pelo governador Richa, é muito oportuno que o prefeito Gustavo se certifique disso antes de licitar e iniciar a obra, para não termos uma obra parada no coração da cidade, por falta dos recursos.

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