No último dia 14, o Google retirou de sua loja Android Market cerca de dez aplicativos maliciosos (que podiam conter vírus, worms, cavalos de troia ou spywares, entre outros). A exclusão dessas pragas – algo já feito pelo Google ao menos dez vezes desde o lançamento da loja de aplicativos -- não impediu que mais de 50 mil pessoas baixassem essas ameaças em seus portáteis. Tamanha vulnerabilidade mostra que smartphones e tablets (entram nessa classificação o iPhone, o iPad e portáteis que rodam outros sistemas operacionais) são, definitivamente, meios eficazes de ação de hackers. E que, sim, os usuários desses eletrônicos devem se proteger.
A ameaça não é recente. O primeiro vírus para celular foi descoberto em 2004 e tinha como foco a plataforma Symbian, até hoje a mais usada no mundo. De lá para cá o número aumentou, e muito. A quantidade malwares para celular não é precisa, mas fala-se em 2 mil tipos diferentes, voltados a todos os sistemas operacionais. As previsões não são animadoras: o número estimado de ameaças nunca abaixou e, à medida que as plataformas de smartphones se tornam mais populares, o volume tende a crescer ainda mais.
Para Mariano Sumrell, diretor de marketing da empresa de segurança AVG, os smartphones são, para os hackers, os novos PCs. “Os smartphones passaram a ser muito interessantes para os hackers, principalmente porque as pessoas estão usando seus aparelhos para fazer pagamentos e acessar contas. Quando o uso para esse fim ainda era tímido, os criminosos não se empenhavam em criar ataques nesse tipo de plataforma. Hoje, o cenário mudou e o smartphone passou a ser visto como uma forma lucrativa e, muitas vezes, mais fácil de agir.”
Risco baixo, mas latente
Apesar de crescente, a quantidade de ataques a smartphones e tablets é muito pequena se comparada ao grande número de vírus que circulam todos os dias pela web. Mesmo assim, prevenção é uma das melhores formas de se proteger. Quem explica é Otávio Artur, especialista em forense computacional e diretor do IPDI (Instituto de Peritos em Tecnologias Digitais e Telecomunicações).
“Ainda não registramos nenhum caso de cliente que tenha sido prejudicado por uma invasão do celular, mas isso não quer dizer que elas não existam. Camadas de proteção nunca são demais. Os sistemas operacionais de dispositivos móveis não têm as defesas naturais de um ‘Windows’, por exemplo. O ideal é o usuário tomar ainda mais precauções do que em um computador comum e evitar navegar em sites suspeitos ou baixar aplicações sem certificados”, diz o especialista.
Para se ter uma ideia da quantidade de pragas criadas para eletrônicos portáteis, um relatório da AVG Technologies divulgado em março indica mais de 0,2% dos aplicativos baixados na Android Market eram mal intencionados. Levando em conta que 3,9 bilhões de aplicativos foram baixados desde a inauguração da loja, pode-se estimar que 7,8 milhões de aplicativos contendo algum tipo de ameaça foram instalados.
De todos os lados
Os ataques podem surgir de várias formas. O download de aplicativos é a forma mais fácil de ser contaminado, mas mensagens via SMS e Bluetooth também são portas de entrada latentes. Uma das técnicas usadas por criminosos é enviar SMS em nome de operadoras ou empresas com links para endereços mal intencionados, que, ao serem clicados, instalam o malware instantaneamente. Uma vez infectado, o usuário passa a distribuir novas mensagens de SMS: algumas com propagandas, outras simplesmente replicando a mensagem maliciosa. Essa mesma mensagem pode enviar dados sigilosos do usuário para o hacker que desenvolveu o malware. Portanto, é necessário ficar atento à procedência dos SMS e só ativar o Bluetooth quando houver a necessidade de usá-lo, para evitar que outras pessoas enviem arquivos indevidamente.
Sistema operacional
Alguns sistemas são mais vulneráveis que outros. O iOS (iPhone e iPad), por exemplo, tem um nível de segurança maior, já que a Apple acompanha com rédeas curtas todo aplicativo disponível na App Store. Por esse motivo, o chamado “jailbreak” (desbloqueio) é desaconselhável quando se fala em segurança, já que o aparelho fica “aberto” e passa a rodar aplicações que não foram previamente aprovadas pela Apple. O Android e o Symbian, em contrapartida, permitem instalar aplicações provenientes de lojas alternativas. Isso aumenta consideravelmente o risco de ser atacado por algum tipo de vírus ou instalar um malware.
Diante dos fatos, a pergunta inevitável é : como se proteger? Tanto a App Store, da Apple, quanto a Android Market, do Google, já oferecem opções de antivírus gratuitas e pagas. Mantê-los atualizados é sempre uma boa forma de prevenção.
Para Sérgio Oliveira, gerente de vendas da McAfee, as pessoas se preocupam com os possíveis ataques no PC, mas, muitas vezes, desconhecem o potencial destrutivo de um ataque via dispositivos móveis. “É curioso como as pessoas colocam mais informações no smartphones do que no PC, às vezes. Conta de banco, e-mail, redes sociais, enfim, praticamente tudo sobre a pessoa está no smartphone. Nem por isso ela aumenta o alerta nesses dispositivos. É muito provável que milhares de pessoas tenham os vírus em seus aparelhos e nem imaginem. O ideal é que o usuário, além de um antivírus, use também outro sistema que bloqueie remotamente os dados em caso de perda ou roubo.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário