quinta-feira, 24 de março de 2011

SOBRE A DENGUE

No início do mês, publiquei uma postagem com informações sobre a dengue, passadas pela Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, onde se repete a velha lenga-lenga de combater o mosquito transmissor da dengue, o aedes aegypti. 
Na ocasião, mencionei que voltaria ao assunto. Pois bem. Depois de diversas cobranças, cá estou eu para tentar desmistificar um pouco a situação, mesmo não sendo médico, não sendo infectologista e não sendo especialista em saúde pública. Usando somente um pouco de bom senso e uma informação que, apesar de constar do próprio documento da Secretaria Estadual de Saúde mencionado, não é muito comentado  e simplesmente não consta de qualquer informação ou reportagem a respeito da doença que se faz por aí.
Na época da primeira postagem, ainda destaquei a informação, que reproduzo agora, para podermos tecer os devidos comentários.


MODO DE TRANSMISSÃO - A fêmea do mosquito pica a pessoa infectada, mantém o vírus em sua saliva e o retransmite em novas picadas. A transmissão ocorre pelo ciclo homem-Aedes aegypti-homem. Após a ingestão de sangue infectado pelo inseto fêmea, transcorre nesta fêmea um período de incubação. Após esse período, o mosquito torna-se apto a transmitir o vírus e assim permanece durante toda a vida. O mosquito transmitirá o vírus em todas as picadas que realizar a partir dali.

Pois bem. É de uma clareza tão meridiana, que até mesmo dispensaria comentários. contudo, vamos lá.
O mosquito não nasce com a doença e não a desenvolve sozinho. Ele somente é um transmissor quando pica alguém infectado, e só transmite quando pica outra pessoa sã.
Assim, o menos lógico no combate à doença é a caça aos mosquitos. Sem qualquer pessoa doente por perto, eles são insetos totalmente inofensivos.
O que tem que ser combatido, isso sim, é a doença nas pessoas infectadas, pois são estas que transmitem a doença, utilizando o mosquito apenas como veículo para esta transmissão.
Esta foi a forma como a europa combateu a peste negra e a gripe espanhola, em séculos passados. Isolando os doentes, para evitar-se novos contágios. Claro que não se sugere que se isolem os doentes de dengue.
Apenas que estes sejam tratados!
Ocorre que o sistema de saúde como um todo não detém condições de tratar todos os doentes que batem às suas portas, e portanto empurram a responsabilidade do combate à doença para a população. O aumento dos casos de doença ocorreriam por desleixo da população em combater o mosquito.
Claro que é salutar o hábito de o povo manter as suas propriedades em condições mínimas de higiene.
Mas não é isso o que vai acabar com a doença. Esta somente vai ser eliminada com o tratamento eficaz de todos os doentes.
Por conta da incapacidade de o sistema de saúde pública tratar todos os doentes, optou-se por um caminho perigoso, de desinformação específica calculada, apontando para caminhos diferentes do real, pois o caminho certo desnudaria a incapacidade governamental de controlar a doença. 
Ocorre que este comportamento de alto risco pode acabar por aumentar o perigo de a doença ficar totalmente descontrolada, pois muitas pessoas, sabendo que os hospitais não estão aparelhados para atender a todos os portadores de sintoma, sequer os procuram, permanecendo em casa e tornando-se vetores para a retransmissão da doença.
Devemos, portanto, mais do que nunca, cobrar de nossas autoridades o correto tratamento das pessoas com dengue, pois somente com esta medida a doença poderá ser controlada e não retornar a cada verão.

Nenhum comentário: